Prestação da casa dispara até 270 euros no arranque do ano

ECO - Parceiro CNN Portugal , Alberto Teixeira
30 dez 2022, 08:30
Casas (Getty Images)

Prestação da casa paga ao banco vai voltar a subir no início do próximo ano, com os aumentos a chegarem aos 270 euros, depois de nova subida das taxas Euribor em dezembro

Tem crédito da casa? O novo ano não traz boas notícias para si. As taxas Euribor continuaram a subir de forma acelerada na reta final de 2022. E isso vai traduzir-se num novo aumento da prestação da casa para os contratos que forem revistos agora em janeiro, antecipando-se subidas entre os 50 euros e os 270 euros, de acordo com as simulações feitas pelo ECO.

Quanto é que a prestação vai subir? Tomando como cenário base um empréstimo de 150 mil euros e com um spread de 1%, as contas são as seguintes para os diferentes indexantes da casa:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 637 euros, mais de 51 euros (+8,7%) em relação à prestação que pagava desde setembro;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá subir para mais de 677,34 euros, um aumento de cerca de 162 euros (+31%) em relação à prestação que pagava desde junho;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para mais de 715 euros, quase mais 268 euros (59,7%) em relação à prestação que pagou no último ano.

O aumento dos encargos com a casa reflete a subida das taxas Euribor nos últimos meses (a reboque da intervenção do Banco Central Europeu (BCE) para controlar os preços) e surge num momento delicado para as famílias, que estão a lidar com a subida considerável do custo de vida. A inflação deverá ficar nos 8% este ano, abrandando para 5,8% no próximo, de acordo com o Banco de Portugal.

Em dezembro, as Euribor – que servem de indexante para os empréstimos com taxa variável, que são mais de 90% do total de contratos em Portugal – renovaram máximos de mais de 13 anos, acelerando depois de o banco central ter mantido um discurso rígido quanto à evolução da política monetária na Zona Euro, apesar de ter abrandado o ritmo de aumento dos juros.

Depois de vários anos em terreno negativo, a Euribor a 3 meses (a segunda mais usada por cá) superou em poucos meses a fasquia dos 2%, o que já não acontecia desde o início de 2009, enquanto a taxa a 12 meses passou a barreira dos 3% pela primeira vez em 14 anos.

Euribor em alta

Certo é que o impacto da subida das Euribor vai ser maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. Os contratos mais antigos serão menos afetados do que os contratos mais recentes. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos era de 61.763 euros em novembro, o que significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor vai ser menos intenso do que aquele que mostra a simulação do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

De acordo com o Banco de Portugal, a prestação da casa vai subir mais de 90 euros em termos médios até final de 2023, assumindo que a Euribor vai atingir os 3% no final do próximo ano — fasquia que já foi ultrapassada pela taxa a 12 meses.

Para ajudar a aliviar o impacto do aumento da prestação no orçamento das famílias, o Governo avançou com medidas que visam agilizar a renegociação do crédito com o banco para evitar situações de incumprimento e despejo. As novas regras entraram em vigor há um mês. Conforme revelou o ECO na semana passada, os bancos já começaram a contactar os clientes para detetarem indícios de agravamento significativo da taxa de esforço ou uma taxa de esforço significativa e proporem soluções.

As Euribor são calculadas nos empréstimos que os bancos fazem entre si e usadas depois como indexantes nos contratos financeiros, como os empréstimos para a compra de casa. Têm estado em forte aceleração desde o início do ano, com o mercado a ir a reboque das expectativas de um forte aperto do BCE para controlar a espiral de subida dos preços.

Desde o verão, o BCE já aumentou as taxas em 250 pontos base, com a taxa principal a subir dos -0,5% para os 2,0% no espaço de meio ano. O mercado antecipa que a reunião do banco central agendada para o início de fevereiro decida um novo aumento de 50 pontos.

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