Marcelo Rebelo de Sousa diz que pacto de regime é "fundamental para o SNS" - mas esta é "a pior altura", avisa

12 ago, 15:46

Presidente da República garante que a resolução dos problemas das urgências de obstetrícia é mais "complicada" e que implica mais tempo do que "uma semana, duas semanas"

Um pacto de regime é “fundamental para o SNS”. É o que diz Marcelo Rebelo de Sousa, que defende a necessidade de haver "continuidade de regime” e estabilidade, num momento em que o caos se voltou a instalar nas urgências de ginecologia e obstetrícia. O Presidente reconhece, no entanto, que esta é "a pior altura para este pacto".

“Pacto de regime no sentido de haver uma continuidade de regime era fundamental. O que se passou foi que houve uma mudança de Governo. O Governo anterior não tinha começado ainda a aplicar a reforma que pretendia no modelo de gestão do SNS. Havia lugares para preencher”, começou por dizer o Presidente da República, à SIC Notícias, em Monte Gordo, esta segunda-feira. O Governo, lembra, “mudou algumas políticas e a forma de gestão” e, para haver “estabilidade” no futuro, é “útil” a adoção de um pacto de regime. “Então no SNS é mesmo fundamental”, sublinhou.

Mais tarde, em declarações à CNN Portugal, Marcelo reconheceu que a ideia de um pacto de regime é "tentadora", mas não para aplicar já. "Neste momento é tentador falar num pacto, mas é a pior altura para esse pacto porque precisamente é uma transição no verão – que é a pior altura – e uma transição com modelos diferentes", avisou.

O Presidente da República garantiu que “não há espaço nem condições para acordo”. “Lá mais para adiante, ultrapassado o período de transição, pode ser que isso seja viável e que as posições sejam compatíveis, mas vai ser preciso esperar pela aplicação do plano de emergência”, esclareceu.

Numa altura em que as urgências de ginecologia e obstetrícia voltam a estar no centro das atenções, com a falta de médicos, que obriga a encerrar vários serviços de norte a sul do país, o Presidente olhou ainda para o plano de emergência do Governo de Luís Montenegro – onde “há medidas que são facéis de aplicar e outras que são mais lentas”. “Por exemplo, as operações ao cancro não foram fáceis, mas foram rápidas e eficientes e funcionaram na recuperação das listas de espera”, exemplificou.

Por outro lado, garantiu, “as urgências de obstetrícia são mais complicadas, tem mais problemas de fundo”, que “exigem não uma semana, duas semanas, mas meses ou até um ano”.

Esta semana arranca cinco urgências de Ginecologia e Obstetrícia fechadas. São elas Hospital de São Bernardo, Setúbal, Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, Hospital das Caldas da Rainha e Hospital de Santo André, em Leiria.

O serviço de ginecologia e obstetrícia deste último tem sob especial pressão. Devido à falta de médicos, esta urgência enfrenta um encerramento de duas semanas – o mais longo de sempre. As grávidas estão a ser encaminhadas para Coimbra, sendo que os partos programados têm de percorrer 200 km até ao Porto.

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