"Confirmo. E não há aqui fantasias": Isidro de Morais Pereira admite candidatura a Presidente, apoio do Chega "é bem-vindo"

26 jun, 19:14
"Na era Putin, a Rússia nunca declara aquilo que pensa e muito menos faz o que declara". Major-general analisa guerra na Ucrânia

Decisão final é tomada no final do verão. Para "não ofuscar" as autárquicas

O major-general Isidro de Morais Pereira admitiu esta quinta-feira que está a ponderar apresentar-se como candidato às eleições presidenciais de 2026. A possibilidade, segundo revela o próprio à CNN Portugal (e também ao Observador), foi considerada depois de ter recebido vários contactos de possíveis apoiantes.

"Confirmo. Estou a ponderar avançar com uma candidatura. Não há aqui fantasias nenhumas", começa por dizer o major-general.

"O que me leva a ponderar é um conjunto significativo de pessoas e cidadãos anónimos que se dirigem a mim nas redes sociais e até mesmo pessoalmente. Não é de hoje, tem anos. Pessoas com carinho dizem-me que gostam dos meus comentários. A maioria diz que eu devia candidatar-me. Ultimamente tem havido alguma insistência", afirma, acrescentando que, "face ao grande número de pessoas que me tem incentivado, senti que poderia servir o país".

O também comentador da CNN Portugal afirma que este nunca foi um cargo com que tenha ambicionado. "Sempre me senti atraído pela causa pública e esta é uma forma de o fazer. Faço de uma forma comprometida com o país. Algo que vou ter de decidir com as pessoas mais próximas, mas não é nada que tenha ambicionado."

"Não rejeito o apoio de nenhum partido"

Tido durante vários meses como o candidato predileto do Chega, Gouveia e Melo foi-se distanciando nos últimos tempos das posições defendidas pelo partido, deixando a segunda maior força política em Portugal em busca de um possível substituto para André Ventura - que, ao que tudo indica, poderá deixar a corrida a Belém depois do resultado histórico nas legislativas. A solução parece agora recair sobre outro militar - Isidro de Morais Pereira, que, para já, não confirma qualquer contacto entre as partes.

"Não houve contactos do Chega. Até à data não houve nenhum contacto de ambas as partes." Ainda assim, Isidro de Morais Pereira não descarta nenhum apoio. "Não fui contactado, mas se eventualmente a decisão for a de me candidatar, não rejeito o apoio de nenhum partido. Os partidos fazem parte da democracia e o Chega não deve ser encarado de forma diferente", defende Isidro de Morais Pereira. "Todos os apoios são bem-vindos."

Caso decida avançar com uma candidatura presidencial, Isidro de Morais Pereira vai enfrentar a oposição dura do autoassumido independente Gouveia e Melo, de quem vinca algumas diferenças, nomeadamente "na proximidade".

"O almirante é meu camarada, ele na reserva, eu na reforma. A minha postura de serviço público é de proximidade. Cada militar tem a sua forma de estar e a minha é certamente diferente da dele. Não tenho nada a objetivar", diz.

Por outro lado: "Não é por haver outro militar a candidatar-se que eu não o farei".

Ramalho Eanes "entregou-me a espada de oficial"

Até aos dias de hoje, Ramalho Eanes foi o único militar a ocupar a cadeira de chefe de Estado - sendo, por isso, uma referência para o agora possível candidato, que destaca a proximidade do antigo Presidente da República. 

"Ramalho Eanes é uma pessoa com que sempre me identifiquei. Foi quem me entregou a espada de oficial. É uma pessoa que estimo pela maneira de estar, pois sempre foi um homem que pôs os outros à frente dele, tal como eu faço - até porque não sei ser de outra maneira. A sua proximidade sempre foi compatível com a sua posição. Nunca se esqueceu que vestia o uniforme e traje de Presidente", afirma, acrescentando que "a proximidade é perfeitamente compatível com uma postura institucional."

Quanto ao calendário para decidir se avança mesmo ou não, o major-general aponta o final do verão como o momento certo para uma decisão final. "Julgo que depois do verão será a altura ideal. Não temos de ter pressa. A democracia tem ciclos. As autárquicas vão ser um momento muito importante que não deve ser ofuscado. Há tempo." 

O possível candidato às eleições de 2026 dá como exemplo o anúncio tardio do atual Presidente da República, há quase 10 anos. "Olhe-se para Marcelo Rebelo de Sousa: desconfiavam que se candidatasse, demorou, candidatou-se e ganhou."

Até ao momento Luís Marques Mendes (PSD), André Ventura (Chega), Joana Amaral Dias (ADN), Henrique Gouveia e Melo, António José Seguro, André Pestana, Tim Vieira, Orlando Cruz, Aristides Teixeira e Manuela Magno (todos independentes) são os candidatos anunciados às presidenciais de 2026.

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