Maioria dos restaurantes e hotéis admite que já subiu preços até 20% - e não exclui despedimentos

14 nov 2022, 20:30
Hábitos de viagens dos portugueses em 2022 (Foto: C.Dayrit/Unsplash)

Subida dos preços já está a levar a quebras na procura. Sem novas medidas de apoio por parte do Governo ou descida de impostos, empresários ameaçam com nova subida de preços e admitem despedimentos

As empresas de restauração e hotelaria admitem que já tiveram de subir os preços de venda ao público para lidar com a subida de custos e na maioria dos casos, esse aumento, chegou a atingir um máximo de 20%.

As conclusões fazem parte de um inquérito realizado em todo o país pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) entre 22 de setembro e 10 de outubro. No inquérito, a que a CNN Portugal teve acesso, foram obtidas 473 respostas válidas.

No caso do setor da restauração, face ao aumento dos custos, 83% das empresas admitiu que já teve “de aumentar o preço de venda aos seus clientes”, sendo que “na maioria das empresas (88%), os preços praticados subiram até um máximo de 20%”. Já nas empresas de alojamento turístico, mais de metade (69%) reconheceu que teve de aumentar “o preço de venda aos seus clientes, sendo que na sua maioria (85%)” o aumento dos preços também atingiu um máximo de 20%.

E perante o aumento dos preços, as empresas já dizem notar uma quebra na procura por parte dos seus clientes. No caso das empresas de restauração, 74% dos empresários admite essa retração no consumo e destes, mais de metade (54%) “já registaram quebras até 20%, sendo que outros 29% dos inquiridos assumem ter enfrentado quebras entre 21% a 30%”.

Do lado das empresas de alojamento, a quebra também se fez sentir, com 40% das empresas a dizerem que observaram “uma retração no consumo por parte dos clientes, em setembro de 2022. Dessas, 49% assume uma quebra de faturação até 20% e 22% uma quebra de 21% a 30%, em igual período.

Perante este cenário, os empresários inquiridos exigem mais medidas do Governo. Na restauração as prioridades identificadas foram a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas (89%), a aplicação da taxa reduzida no IVA da eletricidade e do gás (64%), e a compensação financeira para contrariar o ciclo inflacionista das matérias-primas alimentares (42%).

Já as empresas da hotelaria apontam como medida prioritária a aplicação da taxa reduzida no IVA da eletricidade e do gás (81%). Reclamam ainda a disponibilização de apoios financeiros para a otimização de consumos e a transição energética (44%), a atribuição de apoios financeiros às famílias para mitigar a perda do poder de compra (43%) e a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas (42%).

Sem novas medidas, as empresas admitem voltar a aumentar preços ou a despedir trabalhadores. No sector da restauração, os empresários “admitem que o aumento dos preços de venda será uma das principais medidas a implementar (68%), seguida do despedimento de trabalhadores (37%) e da redução de horários de funcionamento (25%)”.

Já na hotelaria, as consequências de não haver novas medidas, também passarão por subida de preços e despedimentos. “Caso o Governo não disponibilize nenhuma medida adicional, no curto prazo, considerando este contexto inflacionista e de aumento dos custos energéticos, a maioria dos empresários do alojamento turístico assume aumentar os preços de venda (63%) e despedir trabalhadores, como segunda medida concreta mais selecionada (15%)”.

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