Quão mais caro está o petróleo desde o início da guerra? E face há um ano? Depende. Ora veja

12 set 2022, 12:12
Combustíveis. Foto: Frank Augstein/Ap

Evolução do petróleo combinada com a desvalorização do euro dá resultados diferentes: para os americanos, está mais barato que antes da guerra; para nós, mais caro. Já se olharmos para a variação nos últimos 12 meses, o barril de petróleo está 28% mais caro em dólares – e 50% mais caro para os europeus.

O preço do petróleo está ligeiramente abaixo da cotação de antes da guerra – mas mais caro para quem o compra em euros, como é o caso de Portugal. A desvalorização da nossa moeda única faz com que a Europa esteja a importar inflação.

Esta segunda-feira ao fim da manhã, o índice Brent, habitualmente usado como referência nos mercados internacionais para o petróleo em bruto, negociava na casa dos 93 dólares por barril. A 23 de fevereiro, véspera da invasão da Ucrânia pela Rússia, o seu valor de negociação fechou nos 94,05 dólares. O preço está assim muito próximo do de há cerca de seis meses, sendo que neste período já negociou entre um máximo de 139,13 dólares (no início de julho) e um mínimo ligeiramente abaixo dos 88 dólares por barril (na semana passada).

O problema adicional para os europeus é a variação do euro, que nesta segunda-feira negociava a 1,0135 dólares. Nos últimos meses, as duas moedas têm estado próximos da paridade (1 dólar = 1 dólar), com algumas variações: a 9 de junho, chegou a bastar ter 0,9867 dólares para comprar um euro. Há um ano, o cenário era bem diferente. 1 euro equivalia a 1,1811 dólares.

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o euro desvalorizou-se quase 8% face ao dólar. Assim, se o preço do barril Brent está praticamente igual em dólares ao que estava antes da guerra, ele está 8,3% mais caro em euros. A 23 de fevereiro, quando convertido na moeda europeia, o barril custava cerca de 85 euros; agora custa quase 93 euros.

Na base da desvalorização do euro estão as políticas monetárias dos dois bancos centrais, o norte-anericano Fed e o europeu BCE: nos EUA, o aumento dos juros tem sido mais forte e veloz do que na Europa, o que faz muitos investidores deslocar capitais para ativos em dólares, assim valorizando a moeda norte-americana. Com a subida da semana passada das taxas de juro pelo BCE, aliás, o euro reduziu a sua desvalorização face ao dólar, que já chegou a superar os 10%.

E desde há um ano?

Apesar de o petróleo não estar muito mais caro do que no início da guerra, ele está-o face ao que se passava há um ano.

A 13 de setembro de 2021, o Brent negociava nos 73,51 dólares por barril, o que significa que subiu 28% num ano… em dólares. Mas em euros, a subida é maior: quase 50%. Recorde-se, a 13 de setembro de 2021, 1 euro valia 1,1811 dólares.

Estes são dois fatores que ajudam a explicar a chamada “inflação importada”, que acontece quando os países importam produtos que não produzem (ou não em quantidade suficiente) pagando aumentos de preços nos mercados-origem e suportando variações cambiais. É o caso de Portugal

Em agosto, a inflação em Portugal foi de 8,9%.

 

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