Combustíveis: quanto vai gastar mais este ano a encher o depósito? (Com simulações)

6 mar 2022, 21:45
Combustíveis (EPA)

Aumento de preços desta segunda feira agrava subidas das últimas semanas. No fim do ano, há quem vá gastar o equivalente ao subsídio de férias só para pagar a diferença de preços deste ano. E as coisas não ficam por aqui. Veja o seu caso

São mais centenas de euros no final do ano, em alguns casos mais de um milhar. Tudo depende do número de quilómetros percorridos e, claro, das médias de consumo. Mas com o aumento de preços desta segunda feira para o gasóleo e para a gasolina, percebe-se o impacto imediato que a invasão da Ucrânia pela Rússia tem nos bolsos dos portugueses. Os combustíveis já estavam a subir há meses, por causa da cotação do petróleo, mas nunca tanto numa só semana: mais 14 cêntimos no gasóleo, com cada litro de gasóleo a custar cerca de 1,9 euros (dependendo das gasolineiras); mais oito cêntimos na gasolina, para os 1,88 euros.

Não só o preço do gasóleo fica mais caro que o da gasolina, coisa de que não há memória, como os aumentos no último ano também foram superiores no gasóleo em relação à gasolina gasolina. A 8 de março de 2021, um litro de gasóleo simples custava 1,36 euros e um litro de gasolina 95 custava 1,581 euros (dados da Direção Geral de Energia e Geologia).

Quanto é que isto lhe vai custar no final do ano? Cada mil quilómetros custam aos portugueses mais 25 a 30 euros do que há um ano. Outra forma de observar este impacto é através de simulações.

Foi o que fizemos, com base em alguns pressupostos. As comparações servem apenas de referência, uma vez que desconhecemos a evolução futura dos preços ao longo de 2022. Mas, para termos uma noção, comparamos nas seguintes tabelas o que gastaria a mais um automobilista este ano se o preço médio do ano for idêntico ao desta segunda feira, comparando o preço que se verificava na mesma semana de 2021.

O resultado são mais centenas de euros ao fim do ano. Sobretudo no gasóleo.

Por exemplo, um automobilista que percorra 15 mil quilómetros por ano, num carro a gasóleo que gaste uma média de seis litros aos cem, gastaria este ano mais 486 euros em combustível. Já uma distância de 25 mil quilómetros no mesmo automóvel implicaria gastar mais 810 euros por ano, o que se aproxima do salário líquido médio em Portugal.

Só este ano, os preços da gasolina simples 95 já subiram 24 cêntimos por litro, ao passo que os preços do gasóleo simples escalaram 26 cêntimos.

Na gasolina, os aumentos face ao ano passado são apesar de tudo menores.

O mesmo exemplo dado antes, de um automobilista que percorra 15 mil quilómetros por ano num carro que consuma seis litros aos cem quilómetros, implica um acréscimo de custo este ano de 269 euros. Volta a ressalvar-se que estas comparações são meras referências, uma vez que se desconhece a evolução dos preços ao longo deste ano.

O que fica claro é que os aumentos não são meigos e têm um impacto direto nos bolsos dos portugueses. Até porque não são os únicos: também o gás tem aumentado, assim como a eletricidade nos mercados internacionais, o que se sente menos em países como Portugal, que não faz atualizações instantâneas de preços no mercado regulado.

O Governo anunciou entretanto um reforço do autovoucher, que irá devolver um máximo de 20 euros em março. Este anúncio vem reforçar o programa, que já existia, e que tem mais de um milhão e meio de portugueses inscritos. Este programa foi criado em novembro de 2021, então com devolução máxima de 25 euros. Somando as duas fases do programa, os automobilistas poderão receber no máximo 45 euros em cinco meses.

É perante dados como este que se antevê um crescimento da inflação este ano, em Portugal e em toda a Europa.

Recorde-se que grande parte dos preços finais dos combustíveis é composta por impostos. Portugal situa-se aliás acima da média dos Estados-membros da União Europeia (UE): somos o sexto país que mais ISP cobra, tanto nos gasóleos como nas gasolinas. Ao ISP junta-se ainda o IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado de 23%. Tudo somado, cerca de 60% da fatura paga pelos portugueses traduz-se em carga fiscal, sendo que os restantes 40% são partilhados entre a gasolineira, o transporte e os demais processos para que o combustível chegue à bomba.

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