VERÃO CNN | Na hora de maior susto, os especialistas contam à CNN Portugal como se deve proceder e que soluções existem para que a criança seja encontrada rapidamente
Quando começam as férias de verão, os desaparecimentos das crianças do campo de visão dos pais tornam-se cada vez mais recorrentes, seja em praias ou zonas mais movimentadas.
"Férias são, por definição, um período 'livre' e de 'bons momentos'", começa por evidenciar à CNN Portugal a psicóloga e presidente do Conselho de Especialidade da Educação da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Marisa Carvalho. Por isso, acrescenta, "espera-se que as férias envolvam lazer, atividades não estruturais e liberdade, no entanto, "as férias com crianças são diferentes das férias sem elas". Assim sendo, "as alterações na rotina e a realização de atividades em locais não habituais aumenta o risco dos filhos se afastarem e se perderem dos adultos".
Em caso de perda de uma criança, o intendente da PSP Nuno Carocha aconselha o contacto imediato com a polícia para se tentar chegar ao paradeiro da criança. Depois, explica, tenta saber-se "há quanto tempo ocorreu o seu desaparecimento e como estava vestida", para que as buscas nas imediações possam começar o mais rapidamente possível.
Para que os pais se sintam mais seguros, Nuno Carocha recomenda o programa "Estou aqui!" da Polícia de Segurança Pública (PSP), cujo objetivo é "permitir o reencontro mais célere de uma criança ou jovem perdida com os seus familiares, através da utilização da pulseira", pode lêr-se no site.
As crianças colocam, então, a pulseira no pulso e, caso se percam, pretende-se que procurem o adulto mais próximo para que este possa ligar para o 112, tal como indicado na inscrição "Call/LIGA 112". "Aqui quando falamos com os pais damos o conselho de que as crianças devem perceber como funciona a pulseira para que, quando se perderem e encontrarem o primeiro adulto digam que têm a pulseira", explica.
Durante a chamada deve ser referido qual é o código alfanumérico único que consta na pulseira da criança para que a polícia possa entrar em contacto com os responsáveis legais.
Para aceder à pulseira é necessário um registo prévio no site e a recolha desta numa esquadra. Para além disso, Nuno Carocha sublinha que a pulseira "Estou aqui!" "não possui localizador GPS ou outro sistema de localização".
O projeto tem 12 anos nos quais já foram distribuídas mais de 500 mil pulseiras. E, só até junho de 2024, já quase 50 mil estão ativas. No total já ocorreram 54 casos de desaparecimentos em que as crianças foram encontradas devido às pulseiras.
Apesar da existência deste método, o primeiro passo é a "prevenção", alerta o intendente, sendo que, em situações de grande aglomeração de pessoas, é "importante que a criança esteja no espaço visual do responsável". "As crianças são muito mexidas e, nestas idades, perdendo de vista rapidamente se perdem", admite.
A psicóloga Marisa Carvalho concorda que a prevenção é essencial e explica que, um dos mecanismos que pode ser adotado é "dividir a guarda da criança com pessoas de confiança e de forma coordenada". Simultaneamente, diz, o uso de estratégias de identificação rápida como vestir a criança com cores fortes e vivas, ou detalhes visíveis e facilmente identificáveis pode ser uma boa forma de encontrar a criança mais facilmente.
"Também a utilização de dispositivos como localizadores sonoros ou pulseiras bluetooth localizadoras poderá ajudar na rápida localização da criança", conclui.
Nas pulseiras com GPS, como é exemplo disso a Save Family, Susana Gomes esclarece que não existem perigos associados visto que "não há ligação à Internet, então é uma alternativa segura". "Só permite agenda de contactos e mensagens com os pais através da aplicação", acrescenta.
Assim, Susana Gomes afirma que, através dos dispositivos, as famílias sentem “mais segurança e tranquilidade" durante o período de férias.
Além destes mecanismos a psicóloga considera que "é importante ensinar à criança estratégias de proteção no caso desta se afastar ou perder tais como definirem um ponto de encontro" ou procurar ajuda junto de pessoas ou da polícia.
No entanto deixa o alerta: "A preparação e supervisão da criança deve, ainda assim, acontecer sem que a criança se sinta em perigo constante. Por exemplo, o uso exagerado de dispositivos de segurança ou localização pode provocar falta de autonomia nas crianças e uma falsa sensação de segurança por parte dos pais, pelo que devem ser usados com equilíbrio".