CRÓNICA DO JOGO || São os três pontos mais sofridos de toda a época do dragão. A história salvou-se com um passe de mestre
Um passe a rasgar um campo inteiro é sempre algo de maravilhar um adepto, até o mais empedernido.
Quando Gabri Veiga bateu na bola como uma raquetada de esquerda à Rafael Nadal, todos percebiam que o jogo mais difícil da época em Portugal ia passar a ter um destino diferente.
Que passe fenomenal do espanhol, numa assistência que deve encher de orgulho o espanhol, a fazer assistências com picante como tantas vezes fez Ricardo Quaresma. Só meio Quaresma, vá, porque inteiro só há um.
Esse passe recebeu uma brutal interpretação de Borja Sainz - a forma como muda de direção e se antecipa é de matador -, que depois finalizou com categoria na cara do guarda-redes do SC Braga.
Foi esse momento que representou um autêntico pontapé numa péssima exibição dos dragões, sobretudo na segunda parte, onde a dada altura pareceu que o empate até era um bom resultado.
Mas recuemos ao início. Num jogo muito amarrado, um pontapé meio torto de Samu encontrou pelo caminho o tornozelo de Rodrigo Mora, que assim fez mais um jogo na Liga, mesmo que sem querer.
Castigador para um SC Braga que conseguia nivelar o jogo até então.
Regressadas do intervalo, as equipas estudaram-se, mas o SC Braga superiorizou-se e conseguiu o empate cedo. O pior para o Dragão veio depois.
Para que se perceba, o SC Braga acabou o jogo com 68% de posse de bola. Outro entendimento claro do que estava a ser o jogo foi a última substituição de Francesco Farioli, que ainda empatado a 1-1 decidiu tirar o extremo William Gomes para fazer entrar o médio Pablo Rosario. A imprevisibilidade pela segurança claramente na cabeça do italiano, que ia vendo a sua equipa a ser espremida como ainda não tinha acontecido este ano em Portugal, nem mesmo em Alvalade.
Por tudo isso, a tal raquetada à la Quaresma serviu para acordar todo o mundo portista. Um golo que nasce mais da qualidade de dois jogadores que da capacidade coletiva de uma equipa que está a atravessar a pior fase da época, o que já tinha sido possível perceber pela exibição em Moreira de Cónegos, onde os três pontos só apareceram no fim.
Quando se fala naquela história da justiça, é bom dizer que se ela existisse, dificilmente o FC Porto tinha vencido este jogo. Mas venceu, sobretudo porque tem jogadores que fazem a diferença, como foi o caso de Gabri Veiga e Borja Sainz. Muito a eles se deve a vitória.
O FC Porto segue líder isolado, mas terá de melhorar o desempenho para vencer fora Utrecht primeiro e Famalicão depois. À sua dimensão, duas deslocações importantes para os dragões, nomeadamente numa fase onde o fulgor não parece estar a aparecer.