Diretora de urgência do Hospital de Portimão está de baixa mas trabalha no privado

24 jan, 19:57

A TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal) sabe que o caso foi denunciado à Segurança Social, que arquivou a queixa por falta de informação ou provas insuficientes. Foi também feita uma denúncia ao Ministério Público

Maria Inês Simões está grávida e já não consta das escalas do Hospital de Portimão há vários meses. Mas a TVI e a CNN Portugal sabem que a diretora do Serviço de Urgência Geral continua a exercer numa clínica privada, a MediArade, que pertence ao pai da médica.

“Se for verdade, é uma fraude. Uma fraude ao Estado. Ou seja, porque na verdade a senhora está a dizer que está, presumo, com uma gravidez de risco, por isso é que está de baixa médica. Se está com uma gravidez de risco ou se está de baixa médica, é porque está incapacitada para trabalhar. E é uma coisa que todos nós sabemos. Se você está incapacitado para trabalhar no INEM, está incapacitado para trabalhar em qualquer outro sítio”, diz à TVI o advogado Paulo Veiga e Moura.

A TVI ligou para a clínica privada a marcar uma consulta. Do outro lado confirmam que a doutora está prestes a ser mãe e, por isso, todas as marcações passam pelo crivo da própria, antes de serem aceites. Confrontámos também a própria médica, que nega todas as acusações. 

“Eu estou de licença de maternidade. O meu pai tem uma clínica privada, mas não tenho estado a receber absolutamente nada."

Na mesma tarde, a TVI recebeu a confirmação da marcação da consulta. Enquanto Maria Inês Simões nega estar a trabalhar na clínica do pai, aceita e faz uma marcação com uma nova paciente.

Na manhã da consulta, já depois de termos revelado a nossa investigação, a TVI recebeu esta mensagem da clínica privada. 

“Tentamos contactá-la após a hora de marcação na MediArade, às dez horas, com a doutora Joana Martins, a fim de confirmar a sua presença."

Uma troca de nomes conveniente, que acontece um dia depois de termos revelado a nossa investigação à médica Maria Inês Simões, com quem tínhamos consulta marcada.

“Nós, Estado, estamos a pagar uma senhora para que por ela estar doente, para que ela seja protegida na doença, e afinal de contas, ela está, permita-me, a ganhar dinheiro com o Estado, uma vez que está a receber aquilo que não podia receber pela simples razão que tem capacidade para estar a trabalhar”, diz Paulo Veiga e Moura.

E se dúvidas restassem, nas redes sociais e nas últimas semanas esta médica mostra-se na clínica do pai, grávida e a trabalhar.

Contactada a Unidade Local de Saúde do Algarve, a administração confirma que- Maria Inês Simões continua ausente do Hospital de Portimão: “A trabalhadora encontra-se em situação de incapacidade temporária para o trabalho desde 18/9/2024".

A TVI sabe que o caso foi denunciado à Segurança Social, que arquivou a queixa por falta de informação ou provas insuficientes. Foi também feita uma denúncia ao Ministério Público.

Além de dar consultas na clínica privada, Maria Inês Simões é também formadora do INEM e continua a participar das formações. Maria Inês Simões foi também a médica internista escolhida por Gandra de Almeida para integrar a equipa de seis elementos do INEM na missão de auxílio à Turquia após o sismo de 2023. Ambos foram condecorados pelo Presidente da República após o regresso.

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