Grávidas que vivem em zonas com mais poluição ambiental correm um risco maior de infeções respiratórias virais

CNN Portugal , DCT
25 abr 2023, 09:00
Grávida (Pexels)

Apenas 0,001% da população mundial vive em níveis de poluição considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde

As grávidas que vivem em zonas urbanas com grande poluição ambiental estão ainda mais suscetíveis ao desenvolvimento de infeções respiratórias virais, sobretudo causadas pelo vírus Influenza.

A conclusão é de um recente estudo da Escola de Saúde Pública da Texas A&M University, nos Estados Unidos, que alerta para o facto de as grávidas, pela condição que se encontram, serem já mais vulneráveis a infeções respiratórias, que podem ser mais intensas e recorrentes quando estão expostas a partículas ultrafinas - que apresentam ainda outros impactos na saúde, como o declínio cognitivo, como mostrou um recente estudo.

“A suscetibilidade materna à infecção viral é explicada por várias características fisiológicas, incluindo aumento do débito cardíaco e diminuição do volume corrente, bem como alterações imunitárias, como modulação seletiva de subconjuntos de células imunes para proteger o feto em desenvolvimento. As mulheres grávidas são afetadas de forma desproporcional pela gripe, com um aumento de mais de dez vezes no risco de hospitalização, mesmo durante períodos interpandémicos”, lê-se no estudo, que revela que a poluição ambiental pode agravar ainda mais este efeito.

Publicado na revista Particle and Fiber Toxicology, o estudo explica que a exposição materna a partículas ultrafinas - “uma classe de material particulado omnipresente em ambientes urbanos”, esclarecem os autores - provoca respostas imunitárias pulmonares únicas, respostas essas que o próprio estudo classifica como “aberrantes à gravidade” das infeções respiratórias virais.

“Devido à sua alta abundância em ambientes urbanos e capacidade de penetrar mais profundamente nos corpos humanos e causar stress oxidativo sistémico, as partículas ultrafinas provavelmente exercem profundos efeitos adversos à saúde em mulheres grávidas”, lê-se na investigação.

O estudo, realizado em ratos de laboratório, focou-se no impacto da exposição à poluição ambiental no desenvolvimento de infeções causadas pelo vírus Influenza (que provoca a gripe), mas defende que há também o risco de as grávidas desenvolverem infeções respiratórias causadas pelo SARS-CoV-2 e o vírus sincicial respiratório.

Para os autores do estudo, uma das formas de travar este impacto mais negativo na saúde das grávidas é através da vacinação, facultando o seu acesso sobretudo em zonas com maiores níveis de poluição ambiental.

“Medidas preventivas que limitam a exposição a partículas ultrafinas e que promovem a vacinação são necessárias para proteger a saúde materna”, concluem os autores.

Apenas 0,18% da superfície terrestre e 0,001% da população mundial vive em níveis de poluição considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com o primeiro estudo global sobre a poluição do ar.

Relacionados

Saúde

Mais Saúde

Patrocinados