Situação da Crimeia foi criada por «provocações» do Ocidente

tvi24 , AR
4 abr 2014, 21:04
Freitas do Amaral

Freitas do Amaral diz que a Alemanha, em particular, andou a desestabilizar a Ucrânia

O antigo presidente da assembleia-geral da ONU Freitas do Amaral afirmou, esta sexta-feira, que a situação da Crimeia foi criada pela «provocação» e «desestabilização» que o «Ocidente, e em particular a Alemanha», andou a provocar na Ucrânia.

«É óbvio que a Rússia violou o direito internacional ao incorporar a Crimeia da forma como o fez. Agora também é óbvio, a meu ver, que o mundo ocidental, e em particular a Alemanha da senhora Merkel, está há dois ou três anos a desestabilizar a vida interna da Ucrânia para ver se consegue que a Ucrânia venha para a NATO e para União Europeia; coisa que a Rússia nunca vai aceitar», afirmou.

De acordo com a Lusa, Freitas do Amaral falava, na Covilhã, à margem de uma conferência que proferiu sobre as «Funções Visíveis e Invisíveis da ONU», uma iniciativa organizada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior.

Questionado pela Lusa sobre a situação na Crimeia, Freitas do Amaral não teve dúvidas em referir que a «Rússia não devia ter feito as coisas de maneira tão brutal». O antigo presidente da assembleia-geral da ONU defendeu que havia uma forma mais pacífica de reincorporar a Crimeia: «Bastava que o parlamento Russo tivesse anulado, por lei, o decreto que ofereceu a Crimeia, que sempre foi russa, à Ucrânia».

O também antigo ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que essa atitude teria sido «irrepreensível do ponto de vista constitucional e jurídico» e que «a partir daí [a Rússia] podia efetivamente ocupar um território que tinha voltado a ser seu e que nunca deveria ter deixado de ser».

Freitas do Amaral acrescentou que a resposta dada pela Rússia, ao que classificou como uma «desestabilização» e uma «Provocação» levadas a cabo pelo Ocidente e pela Nato, «já era de esperar».

Para ilustrar melhor a situação, o ex-ministro fez mesmo um paralelo com uma eventual ocupação de Espanha em Portugal.

«A Ucrânia é parte integrante da Rússia, embora tenha recebido uma independência formal, a Rússia começou na Ucrânia. (...) Era a mesma coisa que se Espanha andasse às turras connosco dissesse, «bom nós respeitamos a vossa soberania, mas Guimarães passa para cá». Guimarães onde Portugal nasceu? Onde D. Afonso Henriques manteve a capital durante os primeiros anos da nossa história? Ora não seria possível», sublinhou.

Relativamente a uma eventual intervenção contundente da ONU, o antigo presidente da assembleia-geral considerou que a mesma não poderia ter sido realizada porque este «é um caso em que ninguém arrisca».

«A Rússia tem na Crimeia não só a sua maior base naval, mas, uma coisa que normalmente não se diz, a sua maior esquadra naval, designadamente submarinos com misseis nucleares. Alguém vai admitir que a Rússia alguma vez deixaria que a Crimeia deixe de lhe pertencer? Temos de ser realistas», concluiu.

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