Cotrim diz que conversar com Rangel seria "mais simples", porque é "mais liberalizante" do que Rio

Agência Lusa , BCE
24 nov 2021, 09:41
João Cotrim de Figueiredo

Líder da Iniciativa Liberal manifestou, ainda assim, "alguma simpatia pela postura austera e séria" de Rui Rio

O presidente da Iniciativa Liberal admitiu ser "mais simples" conversar com Paulo Rangel do que com Rui Rio sobre um entendimento de Governo, mas avisou que será preciso coragem porque em Portugal as reformas "não se farão sem dor".

"As políticas de Paulo Rangel - ele não gosta que eu lhe chame liberal - parecem-me mais liberalizantes. Do ponto de vista do início de conversa, parece-me mais simples", reconheceu João Cotrim de Figueiredo, em entrevista à agência Lusa.

O deputado liberal não deixou, porém, de manifestar "alguma simpatia pela postura austera e séria" de Rui Rio, embora considerando que nem sempre o tem conseguido demonstrar.

Cotrim apela à "coragem política" para introduzir reformas no país

Mais do que protagonistas, para o líder da IL, é necessário "analisar a qualidade das propostas" e, ao mesmo tempo, "a credibilidade de as querer levar avante".

"Qualquer das grandes reformas que Portugal precisa de fazer, não se fará sem dor, não se fará sem um período de transição difícil. E portanto a coragem política e a capacidade de aguentar essa transição é absolutamente crucial para quem queira reformar efetivamente o país", avisou.

Cotrim de Figueiredo disponibilizou-se para se sentar com o futuro líder do PSD - Rio ou Rangel - sobre um entendimento de Governo, excluindo apenas o PS e os partidos à sua esquerda, bem como o Chega, mas alertou que chegar a um acordo depende, por um lado, "da sintonia de ideias com reflexos no programa" do executivo e, por outro, do peso eleitoral.

"Quero ver se à minha frente está alguém com coragem para aguentar aquilo que nunca será um período de transição fácil, fosse qual fosse a reforma que estivéssemos a tratar", enfatizou.

O deputado liberal reiterou que só está disponível para acordos pós-eleitorais e, mesmo assim, dependendo do resultado eleitoral.

"Vamos ter um bom resultado no dia 30 de janeiro. Com esse resultado vamos sentar-nos à mesa, esperemos que haja possibilidade de construir uma alternativa ao Partido Socialista, e em função da força que tivermos e do que estiver em cima da mesa, logo veremos o que isso significa em termos de entendimentos políticos. Mas uma coisa nunca faremos: é pôr exigências de cargos antes de sabermos sequer de é que estamos a falar", assegurou.

Cotrim de Figueiredo, que ainda não pensou em que pasta gostaria de ocupar se fosse para o Governo, considerou "bastante diferente ter 4% ou ter 8%" nas legislativas antecipadas de 30 de janeiro

"Só podemos sentar-nos a uma mesa de negociações com a noção do peso eleitoral que temos", concluiu

IL apela “ao voto mais útil” e pisca o olho a insatisfeitos do Chega

Com um grupo parlamentar como objetivo nas próximas eleições, o presidente da Iniciativa Liberal afirma que “o voto mais útil” é no seu partido para acabar com o poder socialista, piscando o olho aos insatisfeitos do Chega.

Há dois anos, na estreia do partido em legislativas, a Iniciativa Liberal conseguiu entrar na Assembleia da República com um deputado único, mas agora, nas eleições antecipadas de 30 de janeiro do próximo ano, a ambição é maior.

Em entrevista à agência Lusa, João Cotrim Figueiredo assume que as perspetivas do partido nas legislativas são as de deixar a condição de deputado único, aumentar o número de eleitos e “passar a ter um grupo parlamentar”.

“Por ordem de facilidade ou de expectativa, temos Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Aveiro. Todos eles círculos onde podemos eleger, mas por esta ordem de facilidade de eleição”, elenca.

O sucesso eleitoral, segundo o líder da IL, vai depender da capacidade de o partido “transmitir às pessoas porque é que o voto na Iniciativa Liberal é um voto útil”.

“Eu atrevo-me a dizer mais: o voto mais útil que se pode ter para quem queira de facto uma alternância em relação ao poder socialista dos últimos 26 anos com poucos intervalos é a Iniciativa Liberal, o voto mais útil é o voto na Iniciativa Liberal. E porquê? Para já porque é verdadeiramente uma alternativa”, argumenta.

Mais do que um partido político, de acordo com João Cotrim Figueiredo, a Iniciativa Liberal “é um projeto cultural também no sentido em que não quer só mudar as políticas”, mas também “a forma como elas são não só decididas como aplicadas”.

“Quem quiser ter uma alternativa ao socialismo vota na Iniciativa Liberal porque sabe que - já temos provas disso quer no parlamento nacional quer na Assembleia Legislativa Regional dos Açores - um deputado faz a diferença, imaginem mais deputados. Não fazemos política antiga”, promete.

É precisamente quando a entrevista chega à possibilidade de crise nos Açores também devido ao orçamento que o presidente da Iniciativa Liberal aproveita para um apelo direto ao voto, assumindo que nesta altura já se diverte “um bocadinho com os malabarismos e as acrobacias do Chega”, partido onde “acontece tudo e o seu contrário no espaço de 24 horas”.

“Dirijo-me diretamente aos eleitores do Chega, que têm certamente bons motivos para estarem insatisfeitos com alguma coisa que se passa em Portugal - muitas delas provavelmente serão as mesmas com as quais nós estamos insatisfeitos -, mas que já perceberam que não é votando no Chega que vão resolver o problema”, apela.

Por oposição à utilidade do voto nos liberais, na perspetiva do seu presidente, o voto no partido de André Ventura “é crescentemente visto como um voto inútil porque não vai servir para construir alternativas” e, mesmo que servisse, iria ser um fator de instabilidade dessas mesmas alternativas.

Já em relação à crise no CDS-PP e sobre a possibilidade de a Iniciativa Liberal acolher como seus membros descontentes centristas, Cotrim Figueiredo adianta que “há um acréscimo grande de inscrições no partido” nos últimos meses, mas que “não vêm de nenhuma proveniência particular”.

“Se havia pessoas do CDS que já se aproximavam de nós, continuaram mais ou menos ao mesmo ritmo. Pessoas do CDS que vão acabar por votar em nós, aí isso não tenho dúvida, já o fizeram no passado, vão certamente fazê-lo no futuro e cada um saberá ler a situação atual do CDS e sentir se se revê ainda, se não se revê, se deixou de rever, se percebeu que era mais liberal do que o CDS alguma vez pode vir a ser e portanto que a Iniciativa Liberal os representa melhor do que o CDS o poderá fazer”, atira, num piscar de olhos também aos centristas.

A Iniciativa Liberal vai realizar a VI Convenção Nacional da Iniciativa Liberal, na qual será eleita a comissão executiva, nos dias 11 e 12 de dezembro, em Lisboa, e até ao momento João Cotrim de Figueiredo é o único candidato.

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