Surto de poliomielite no Paquistão já deixou oito crianças paralisadas. Pais falsificavam boletins de vacinas

CNN Portugal , DCT
7 jun 2022, 10:09
Criança a receber a vacina contra a poliomielite em Karachi, no Paquistão. (Foto AP/Fareed Khan)

São os primeiros casos em mais de um ano e estão maioritariamente localizados em Waziristão do Norte, na fronteira com o Afeganistão. Rejeição da vacinação é apontada como causa

Um surto de poliomielite no Paquistão já deixou oito crianças paralisadas. Os casos até agora reportados são maioritariamente em Waziristão do Norte, na fronteira com o Afeganistão, e as autoridades de saúde locais apontam a rejeição da vacinação como a principal causa. Segundo o The Guardian, há pais que falsificam o boletim de vacinas deles próprios e dos filhos.

Desde janeiro do ano passado que o Paquistão não registava um caso de paralisia associado à doença, que não tem cura e cujo vírus que a causa é extremamente contagioso. Não foram avançados ainda dados de casos de infeção sem paralisia.

“Marcações falsas e recusas são duas das principais razões do recente surto”, disse Shahzad Baig, coordenador do programa de erradicação da poliomielite do Paquistão, citado pelo jornal britânico. 

Segundo Baig, as autoridades de saúde estão a fazer “o possível para garantir que o vírus permanece contido e o combatemos até o fim”, mas esquemas de falsificação de vacinação podem complicar o controlo do surto.

O ministro da Saúde, Abdul Qadir Patel, disse que, após os dois primeiros casos em abril, têm sido tomadas “medidas imediatas para cercar esta área e impedir que o vírus se espalhe ainda mais, particularmente nos reservatórios históricos [de infeção] em Karachi, Peshawar e Quetta”.

Entre as medidas em vigor está uma campanha de vacinação porta a porta, que se realiza há 25 anos e que foi agora reforçada. No entanto, as campanhas anti-vacinação têm conquistado cada vez mais pessoas no país, avança o jornal britânico.

A poliomielite manifesta-se com febre, fadiga, dor de cabeça, vómitos, rigidez no pescoço e dor nos membros e em casos mais severos pode causar paralisia. A transmissão dá-se de pessoa para pessoa através de gotículas ou contacto direto com secreções faríngeas. Embora seja menos frequente, pode-se contrair a doença através de água e alimentos contaminados. 

“O período de incubação das formas de apresentação não paralíticas é de 3 a 6 dias. O início da paralisia ocorre geralmente sete a 21 dias após o contágio, variando entre 3 e 35 dias”, explica o SNS.

Em março, a Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou uma norma que define as estratégias de vacinação de cidadãos estrangeiros que se encontrem em Portugal em situação de acolhimento, definindo como prioritária a cobertura vacinal contra o sarampo e a poliomielite. A vacina está incluída no Plano Nacional de Vacinação.

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