"É o culminar de uma campanha de 21 meses": Rússia reclama grandes avanços em Pokrovsk e deixa aviso aos ucranianos que queiram "salvar as suas vidas"

5 nov, 09:49
Soldado ucraniano em Pokrovsk (Evgeniy Maloletka/AP)

Ministério da Defesa da Rússia avisa que as tropas ucranianas cercadas nas cidades de Pokrovsk e Kupiansk devem render-se. Kiev rejeita a narrativa de cerco

Os recentes avanços russos em Pokrovsk são “o culminar de uma campanha de 21 meses para tomar a cidade e de um esforço dedicado de cinco meses de interdição aérea no campo de batalha”. É desta forma que o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) descreve os progressos das tropas russas na cidade ucraniana de Pokrovsk, situada na região de Donetsk.

De acordo com o relatório mais recente do ISW, “o atual espaço de batalha na direção de Pokrovsk levou 21 meses para ser conquistado pelas forças russas”. No total, “as forças russas levaram 21 meses para avançar 39 quilómetros, a distância entre Avdiivka e Pokrovsk”. O mesmo documento explica que Moscovo iniciou a ofensiva em fevereiro de 2024, após a tomada de Avdiivka, e “começou a criar as condições para capturar Pokrovsk por meio de ataques frontais diretos em março de 2024”. Esse esforço, contudo, “falhou”, levando o exército russo a “mudar para uma campanha de envolvimento no outono de 2024”.

Segundo o ISW, as forças russas “realizaram uma breve série de ataques na direção de Pokrovsk no inverno de 2025, mas só redefiniram a prioridade da frente em julho desse ano”. As operações de drones ucranianos, “particularmente eficazes”, impediram “em grande parte os avanços russos do final de 2024 até ao verão de 2025”.

O relatório acrescenta que “as forças russas começaram a obter efeitos parciais de interdição aérea (BAI) contra as linhas de comunicação ucranianas na direção de Pokrovsk em julho de 2025, momento em que impediram as forças ucranianas de usar a cidade como centro logístico”. Entre as inovações técnicas russas, o ISW destaca “drones com visão em primeira pessoa (FPV) com alcances maiores, ogivas termobáricas e drones adormecidos ou de espera ao longo das rotas logísticas”, tecnologias que “permitiram restringir os movimentos, evacuações e logística das tropas ucranianas”.

Mapa demonstra os recentes avanços russos em território ucraniano.

Dados de 20 de outubro de 2025

Notas: "Avaliado" significa que o Instituto para o Estudo da Guerra recebeu informações fiáveis e verificáveis de forma independente que demonstram o controlo ou os avanços russos nessas áreas.

Fontes: Instituto para o Estudo da Guerra com o Projeto de Ameaças Críticas da AEI; LandScan HD para a Ucrânia, Laboratório Nacional de Oak Ridge

Gráficos: Henrik Pettersson, Renée Rigdon, Lou Robinson e Rachel Wilson, CNN

Com este contexto, o Ministério da Defesa da Rússia emitiu esta quarta-feira um comunicado dirigido aos militares ucranianos, avisando que se deveriam render. “As tropas ucranianas cercadas nas cidades de Pokrovsk e Kupiansk devem render-se, pois não têm outras hipóteses de salvar as suas vidas”.

Moscovo garantiu que “a situação das tropas ucranianas em ambos os locais se está a deteriorar rapidamente” e que os seus militares continuam a avançar na região norte, onde impediram "várias tentativas ucranianas de romper o cerco". A Rússia acusa ainda o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de “mentir sobre o estado real da frente”.

Do lado ucraniano, as Forças Armadas rejeitaram a narrativa russa. Na noite desta terça-feira, o major Andrii Kovalov, porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, garantiu à agência Ukrinform que “não há qualquer cerco ou bloqueio de cidades na aglomeração de Pokrovsk-Myrnohrad”.

“Da mesma forma, nenhuma unidade das Forças de Defesa da Ucrânia está cercada”, assegurou Kovalov, sublinhando que “as unidades estão a fazer tudo o que é possível para manter a logística”. O porta-voz reconheceu que “a situação em Pokrovsk é difícil”, mas afirmou que “está em curso uma complexa operação para detetar as forças inimigas dentro da área urbana, destruí-las e expulsar os invasores russos da cidade”. 

Entretanto, e já na manhã desta quarta-feira, o DeepState, projeto ucraniano de mapeamento da guerra, admitiu que a situação em Pokrovsk continuava "muito crítica", e que já não era possível conter as tropas russas no sul da cidade.

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