Aí está a PlayStation 5 Pro: é cara (especialmente na Europa) e está bem longe de ser "o último grito" em tecnologia

11 set, 17:49
PlayStation 5 Pro

O preço de partida são 799,99 euros (menos 146 euros nos EUA devido "às taxas"), mas facilmente o custo superará os 900 euros. Há novidades na jogabilidade, mas nem tantas assim, uma vez que "a evolução no processamento computacional estagnou". A conclusão dos especialistas é só uma: vale a pena, “mas não me deixou de queixo caído”, e continuará a ser a consola dos jogadores "dedicados" (e sem grande peso nas vendas)

Visualmente, quanto ao design exterior, a PlayStation 5 e a PlayStation 5 Pro, apresentada esta terça-feira no YouTube, até são bastante semelhantes. 

No entanto, o que importa é o interior: o arquiteto principal da consola, Mark Cerny, garantiu que a PS5 na versão Pro “representa um novo auge nos jogos para consolas”, prometendo avanços tecnológicos na máquina que chegará ao mercado a 7 de novembro (como sempre nestes lançamentos, a tempo do Natal) e cuja pré-venda começa já em setembro, no dia 26.

Sobre este auge tecnológico prometido pela Sony, resultará, por exemplo, da GPU, a Unidade de Processamento Gráfico, renovada com mais 67% de unidades de computação e uma memória 28% mais rápida do que a PS5 anterior. Assim sendo, as velocidades de processamento serão até 45% mais rápidas, o que possibilitará uma jogabilidade talvez mais suave e visualmente superlativa. 

Também haverá AI, inteligência artificial, nomeadamente através da introdução da PlayStation Spectral Super Resolution, inovação que promete maior nitidez e detalhe, elevando a fidelidade visual. 

Tudo isto fez saber Mark Cerny. Contudo, o que mais se discutiu momentos após ser apresentada foi mesmo o preço: 799,99 euros na Europa, fora alguns extras, nomeadamente a drive de discos — que custa mais 120 euros. 

Por curiosidade, em 2020 a antecessora PS5 chegou ao mercado por 499 euros, enquanto a versão Pro da PS4 custava, em 2016, 399 euros. Os analistas, nomeadamente Piers Harding-Rolls, da Ampere, defendem que tal aumento “se deve à falta de concorrência” — referindo-se à Microsoft e sua Xbox —, conseguindo a Sony “optar por um preço mais elevado para proteger as suas margens atuais”. 

A PlayStation 5 já vendeu 61,7 milhões de unidades em todo o mundo (apesar de tudo, regista-se um abrandamento, “apenas" com 2,4 milhões de unidas vendidas no primeiro trimestre de 2024). E estima-se que a PS5 Pro venda, até 2029, 13 milhões de unidades — ligeiramente abaixo das vendas da PS4 Pro — e venha a representar 15% das receitas geradas pela consola. 

Ou seja, cara ou não, a PlayStation Pro é, e sempre foi, uma consola “de nicho”. É o que defende Pedro Miguel Pestana, jornalista especializado em videojogos e editor na IGN, site internacional na área de tecnologia. “A primeira coisa que me ocorre é que é um preço totalmente desajustado à realidade e uma proposta incrivelmente difícil para os jogadores. E não são jogadores quaisquer: a versão Pro chega sobretudo a jogadores realmente ‘dedicados’, não aos ‘casuais'. E muitos desses jogadores ainda utilizam o formato físico. Ora, não só o preço de 800 euros é elevado, como ainda terão de adquirir uma drive externa por mais 120 euros. Não faz sentido”, garante. 

A mesma opinião tem Nelson Zagalo, professor catedrático da Universidade de Aveiro, coordenador científico do DigiMedia e fundador da Sociedade Portuguesa para as Ciências dos Videojogos. Para Zagalo, “é recorrente haver críticas” aos preços das novas consolas, “e esse barulho já vem de aquando do lançamento da PlayStation 3”, mas, assegura, “este provavelmente é mesmo o preço mais alto de uma consola da Sony”. 

Mas se é tão cara assim, a consola deveria “oferecer tecnologicamente algo extremamente avançado, algo que seja o último grito”. Mas oferece? “É meio-meio.” E explica, Nelson Zagalo: “Vivemos tempos de estagnação no processamento computacional. Portanto, muitas das pessoas que compram a versão Pro — e que é uma minoria; a versão normal continuará a vender mais —, compram por achar que se têm aquela consola antiga, que já tem um par de anos, a nova terá um upgrade gráfico e de performance estrondoso. Tem, mas não é estrondoso. E os jogos que correm numa consola, correm na outra. Portanto, também há um pouco de marketing, claro que sim. Ainda assim, alguns jogos atingem o seu potencial máximo na versão Pro.”

A nova PS5 Pro terá, aquando do lançamento, uma série de jogos exclusivos, como Alan Wake 2, Assassin's Creed: Shadows e Horizon Forbidden West. Além de prometer ainda correr jogos da PS4 (mais de 8.500 jogos), que vão beneficiar da funcionalidade Game Boost e apresentar melhorias no desempenho e estabilidade. 

Pedro Miguel Pestana vê nisto uma “alegoria da máquina de barbear”, alegoria essa que pode justificar este preço mais elevado. “Tu compras o corpo da máquina, traz lâminas, mas depois quando as lâminas terminam só há lâminas compatíveis daquela marca. Ou seja, a Sony criou uma base de utilizadores, vai lançando videojogos exclusivos para a PS5, e agora, se queres jogar aqueles jogos, supostamente no máximo da performance, tens de comprar uma consola deste tipo e cara. Se me perguntarem se os jogos correm melhor na versão Pro do que na normal, respondo que não, pelo menos nada que me deixe de queixo caído. Aliás, houve jogos que surgiram na apresentação da PS5 Pro e que são da PS4. Não precisaria de pagar mais de 900 euros para os jogar.”

Outra crítica surgida nas últimas horas é a de que a PS5 Pro vai ser mais cara na Europa (799,99 euros) do que nos Estados Unidos, por exemplo, onde custará 699,99 dólares — o equivalente a 635,58 euros. 

A razão, dizem à CNN os especialistas em videojogos, está nas taxas. “Se repararmos isso também vem acontecendo nos telemóveis, nomeadamente com os iPhones. A diferença tem que ver com a aplicação de taxas na Europa e nos Estados Unidos — onde são aplicadas à posteriori e são diferentes, por exemplo, de estado para estado; na Europa, aquele preço já reflete as taxas. Portanto, nada disto tem que ver com envios, falta de matéria-prima, hardware ou microchips”, explica Nelson Zagalo. E Pedro Miguel Pestana conclui: “Até porque o chip desta nova consola não é tão mais poderoso assim quanto o da versão normal”.

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