Queria ganhar para depois se demitir e deixar um clube após um ano. Em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional da TVI conta como era imprescindível que Sérgio Conceição tivesse ficado para o cumprir de um sonho agora "impossível"
Doente há quase três anos, Jorge Nuno Pinto da Costa recandidatou-se para mais um mandato no FC Porto para cumprir dois sonhos: ver construída a academia do clube e ver mais um título europeu a chegar à Invicta.
Numa entrevista exclusiva ao Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), o ex-presidente do FC Porto garantiu que tinha tudo planeado para, ganhando as eleições, se demitir e provocar eleições um ano depois, até porque sabia do seu estado de saúde-
“A intenção era fazer um ano e no fim provocar eleições. Não era como diziam de pôr lá alguém que ia indicar. Sempre disse que o FC Porto não é uma monarquia”, explicou, dizendo que as pessoas mais íntimas sabiam do desejo.
Tudo para, então, ver realizada a academia já contratualizada com a Câmara Municipal da Maia e o arquiteto Manuel Salgado, mas que a nova direção decidiu abortar, baseando a decisão nos custos. Uma opção que Pinto da Costa não compreendeu, uma vez que se tratava de um “projeto fantástico que achava fundamental para a vida” do clube.
Esse e outro sonho: “Voltar a ver o FC Porto campeão europeu”. Ele que estava à frente do clube em 1987, na vitória da primeira Liga dos Campeões, então Taça dos Campeões Europeus, e em 2004, já mesmo como Champions League.
Para isso, disse, “era fundamental manter o Sérgio Conceição”. E é nessa premissa, garante, que “contratou” o treinador que já era do FC Porto. A expressão é de Pinto da Costa: contratou, não renovou contrato. Foi o que fez também com Pepe.
Mas os sócios decidiram dar uma vitória esmagadora a André Villas-Boas, o que fez perder o efeito dos contratos assinados, que Pinto da Costa garantiu ainda ter na sua posse.
“O André Villas-Boas criticou-me por não ter renovado com o Sérgio Conceição, disse que era fundamental. Tem de lhe perguntar sobre a saída. Que disse isso, disse”, afirmou.
A entrada de Vítor Bruno
Traição é uma palavra forte, disse Pinto da Costa, que desvendou parte do processo de saída de Sérgio Conceição e da entrada do seu adjunto e agora treinador principal, Vítor Bruno.
O ex-presidente do FC Porto preferiu utilizar a palavra “deselegância” para se referir ao caso, corroborando uma versão que já tinha sido passada pelo lado de Sérgio Conceição.
“Ele dá um jantar à equipa técnica e o Vítor Bruno diz que vai treinar para o estrangeiro, para as Arábias. O Sérgio Conceição diz que acha muito bem e no dia seguinte, num encontro entre Sérgio Conceição e André Villas-Boas, o Villas-Boas diz que há um mês o Antero [Henriques] já tinha falado com o Vítor Bruno”, contou.
Uma situação que Sérgio Conceição não quis acreditar – “julgou que era o Vítor Pereira” –, mas que o fez sentir-se “traído”, nas palavras de Pinto da Costa.
“[Sérgio Conceição] terminou imediatamente a reunião e disse ‘a partir de agora tratamos com o meu advogado’”, continuou o ex-presidente do FC Porto, para quem aquele era um caminho essencial para cumprir um dos seus dois sonhos.
É que, segundo Pinto da Costa, com Sérgio Conceição seria muito difícil ganhar a Liga dos Campeões, mas sem o treinador é “impossível”. Já o campeonato, anteviu, é possível, até porque tem uma boa equipa.