Ex-presidente do FC Porto já foi visitar o líder da claque Super Dragões à prisão e disse-lhe para não estar preocupado. Uma das revelações feitas numa entrevista exclusiva ao Jornal Nacional da TVI
Jorge Nuno Pinto da Costa não tem muitos amigos, mas o que tem considera-os e defende até ao fim. É o caso de Fernando Madureira, que de uma ligação clubística e contratual evoluiu para alguém próximo do ex-presidente do FC Porto.
Detido na sequência da Operação Pretoriano, o líder da claque Super Dragões é, para Pinto da Costa, um amigo. O antigo dirigente revelou, em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), que já visitou Fernando Madureira na prisão, onde se encontra detido desde o fim de janeiro deste ano, na sequência de um alegado esquema de intimidação que teria como objetivo favorecer a recandidatura de Pinto da Costa à presidência do FC Porto.
Uma detenção e uma operação que Pinto da Costa entende terem sido “muito bem preparadas”, falando mesmo numa “instrumentalização” de um grupo de adeptos ligados ao FC Porto.
“Não é normal. Três procuradores sócios do FC Porto estiveram lá a controlar. [A Assembleia-Geral] acabou às 02:00 e no dia seguinte já estava uma queixa na procuradora às 10:00”, referiu, afirmando a sensação de estranheza pelos pedidos da candidatura de André Villas-Boas para que todos os apoiantes fossem à reunião magna, num dia chave para toda a operação.
“Uma pessoa que vai para a Assembleia-Geral, nem que seja do condomínio e pede isso [para filmar], é porque sabe que há tudo para filmar”, continuou, falando sobre as imagens que mostram comportamentos violentos entre adeptos, alguns dos quais protagonizados por Fernando Madureira, que é tido como um dos cérebros de uma campanha de intimidação que visava favorecer Pinto da Costa no dia do frente-a-frente com Villas-Boas.
Sobre a prisão do líder dos Super Dragões, o ex-presidente do FC Porto disse que é “injusta”: “Não há, em momento algum, [imagens dele] a agredir alguém. Há uma cena em que se vê a mandar sentar, mas nunca agrediu ninguém”.
Já sobre as relações entre Fernando Madureira e Villas-Boas, Pinto da Costa defendeu que não foram elementos dos Super Dragões os responsáveis por um ataque à casa do agora líder máximo dos dragões.
“Foi atacado em casa por um grupo que se provou que nada tinha que ver com o FC Porto ou a claque… fizeram 40 assaltos nessa noite”, sublinhou, admitindo, ainda assim, que não põe as mãos no fogo por ninguém.
Garante Pinto da Costa que Villas-Boas não foi maltratado, contando até uma história que entende mostrar o clima promovido pela claque. Segundo o ex-presidente do FC Porto, foi o próprio Fernando Madureira a escoltar Villas-Boas até ao carro numa das noites mais quentes.
A máfia do Porto e a visita na prisão
Nos últimos anos de Pinto da Costa a claque Super Dragões começou a ganhar outra importância junto da estrutura.
O ex-presidente do FC Porto admitiu que existiam contratos entre as partes, algo que, segundo o próprio, beneficiava ambas as partes.
“Era uma loucura a claque. Tinha poder de mobilização”, explicou, admitindo que “naturalmente tinha um acordo em que comprava bilhetes por X”.
Era um acordo em que a claque adquiria bilhetes junto do clube, através do contrato. “Alguns ficavam na claque e outros vendiam para ganhar algum para as despesas das deslocações”, continuou Pinto da Costa, falando sobre uma troca de bilhetes que pode, em alguns casos, ter sido ilegal.
Sobre a possibilidade de Fernando Madureira ter ganhado muito dinheiro com o FC Porto, Pinto da Costa admite que sim, que “algum dinheiro ganhou”, mas acredita que tudo foi em prol de ambas as partes.
Os carros, as casas e a vida de luxo do líder da claque, esses, Pinto da Costa não se aventurou a explicar como Fernando Madureira pagou, mas deixou uma convicção: os rendimentos não vêm de ligações à máfia da noite.
“Nunca ouvi falar de ligações à máfia. Considero-o um amigo, se fosse traficante não seria amigo”, afirmou, admitindo que ficaria “surpreendido” se viesse a saber que Fernando Madureira tinha ligações a negócios ilegais.
Em relação à visita na prisão, Pinto da Costa revelou que encontrou um homem “com muita força, muita revolta”, mas a quem disse que não estivesse preocupado.