Aumenta para 20 o número de mortes nos protestos no Peru. Governo quer retirar portugueses "o mais rápido possível"

Agência Lusa , BCE
16 dez 2022, 18:29
Manifestação Peru (AP Photo/Fredy Salcedo)

O Governo garante que está a diligenciar a retirada o mais rápido possível de 65 turistas portugueses que estão no Peru

O número de mortos nas manifestações no Peru após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo subiu para 20 depois de as autoridades de Ayacucho atualizarem os números dos graves confrontos na quinta-feira no aeroporto da região.

No total, a região de Ayacucho registou oito mortes, que se somam ao balanço de seis mortes em Apurímac (centro), três em La Libertad, no noroeste do país, uma em Arequipa, uma em Huancavelica e outra em Junín.

A Direção Regional de Saúde da região peruana de Junín informou hoje que os confrontos no distrito de Pichanaqui provocaram um morto e cinco feridos, incluindo três civis e dois polícias.

Os peruanos saíram à rua em diversas partes do país para contestar a detenção do ex-Presidente Pedro Castillo, em 7 de dezembro, após este ter tentado dissolver o Parlamento, no que foi entendido como uma tentativa de golpe.

Nos últimos dias, os manifestantes pedem à nova presidente do Peru, Dina Boluarte, a dissolução do Congresso e a convocação de novas eleições gerais. Entretanto, o Congresso não aprovou a reforma constitucional que faria avançar a convocação de eleições gerais para dezembro de 2023.

Ao final da tarde desta sexta-feira, os ministros da Educação, Patricia Correa, e da Cultura, Jair Pérez Brañez, decidiram demitir-se na sequência dos protestos.

O governo peruano decretou o estado de emergência a nível nacional, por um período de 30 dias, em resposta aos protestos em apoio a Castillo.

Perante o clima de tumulto, as autoridades peruanas procuram agora apelar à população e às forças de segurança para tentarem evitar a repetição dos confrontos sangrentos dos últimos dias.

"Fazemos um apelo aos cidadãos e às Forças Armadas para que evitem novos confrontos e mantenham a calma, de forma a salvaguardar a saúde e a vida de toda a população", disseram hoje as autoridades sanitárias do Peru, pedindo aos manifestantes para deixarem circular as ambulâncias que socorrem as vítimas.

Governo está a diligenciar retirada o mais rápido possível de 65 portugueses do Peru

O Governo está a diligenciar a retirada o mais rápido possível de 65 turistas portugueses que estão no Peru, disse à agência Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

“Há um contacto permanente entre as diversas congéneres diplomáticas dos outros países e com o delegado da União Europeia. Nós estamos em contacto permanente e a zelar, de forma muito firme, para que estes portugueses, nas soluções que forem encontradas, possam sair o mais rápido possível e, portanto, quero dizer que a solução será integrada”, afirmou Paulo Cafôfo, em Fátima (Santarém).

Questionado se os 65 portugueses estarão em Portugal antes do Natal ou do Ano Novo, o secretário de Estado reiterou que “a solução está a ser encontrada de uma forma integrada”, destacando que o “maior erro” que se pode cometer é uma precipitação.

“Eu sei que há um grande desejo que eles possam sair e nós queremos que eles saiam (…). Agora, não podemos nos precipitar no sentido de a sua retirada pôr em perigo a sua vida ou o seu bem-estar”, sublinhou, realçando que os cidadãos nacionais “estão em segurança”.

Segundo Paulo Cafôfo, o Governo continua “acompanhar, de forma direta, contínua e sistemática os portugueses que estão no Peru e foram apanhados no meio de um golpe de Estado”.

“A nossa embaixada e o senhor embaixador têm estado sempre numa dupla função, numa função de contacto com as autoridades” do país e, também, com a rede diplomática, “em contacto direto diário” com todos os 65 portugueses referenciados que estão a ser acompanhados, continuou.

“Eles estão em segurança, têm alojamento, têm alimentação e aquilo que estamos a fazer é tentar fazer tudo o que está ao nosso alcance para retirá-los do Peru”, garantiu.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas explicou que têm sido feitos “contactos diretos com o Governo do Peru, mas também no âmbito da União Europeia”, notando que há milhares de turistas naquele país, para que os portugueses “estejam na linha da frente quando a retirada destes estrangeiros acontecer no Peru”.

Por outro lado, notou que “destes 65 portugueses nem todos estão na mesma situação”, dado estarem em locais diferentes, pelo que “a sua retirada, para já, não será nunca simultaneamente”.

“Em Arequipa, a informação que nós temos é que o aeroporto está danificado nas suas infraestruturas, ou seja, não existirão voos comerciais tão cedo, mas existe a possibilidade de acontecerem voos militares”, declarou, referindo, contudo, desconhecer se irá acontecer ou quando irá acontecer.

Paulo Cafôfo adiantou que há outros portugueses que estão em Cusco, cujo aeroporto “não foi afetado nas suas condições de operacionalidade”, pelo que “é previsível que, muito brevemente, (…) possam existir voos comerciais que levem as pessoas para Lima [capital], porque é a partir de Lima que sairão do Peru”.

“Está a ser equacionada a abertura do aeroporto para voos comerciais e nós estamos a diligenciar para que os portugueses que já estão em Cusco possam fazer essa viagem para Lima e vir para Portugal”, adiantou, referindo haver ainda outra situação relativa a portugueses em Aguas Calientes, na base de Machu Picchu.

De acordo com Paulo Cafôfo, neste caso a “situação é mais complexa porque o acesso é só por ferrovia” que está danificada, pelo que agora o acesso tem de ser por helicóptero.

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