5.000 turistas retidos em Cusco devido aos protestos no Peru

Agência Lusa , MM
17 dez 2022, 10:47
Machu Picchu [Reuters]

Aeroporto da cidade continua encerrado, as estradas bloqueadas e o transporte ferroviário paralisado

Cerca de 5.000 turistas estão presos na cidade de Cusco, devido aos protestos que exigem a libertação do Presidente deposto Pedro Castillo e eleições antecipadas no Peru, adiantou esta sexta-feira à noite o autarca do destino turístico Machu Picchu.

"Temos 5.000 turistas retidos na cidade de Cusco. Estão nos seus hotéis à espera que os voos sejam reativados", disse à agência France-Presse (AFP) Darwin Baca, autarca do distrito vizinho de Machu Picchu, que também está em Cusco.

O aeroporto da cidade continua encerrado, as estradas bloqueadas e o transporte ferroviário paralisado.

O Aeroporto Internacional Alejandro Velasco Astete de Cusco, o terceiro mais movimentado do país, está encerrado desde segunda-feira, quando os manifestantes tentaram invadir a infraestrutura, continuando também a decorrer os protestos naquela cidade, realçou o autarca.

Enquanto isso, em Machu Picchu, cerca de 200 turistas, a maioria norte-americanos e europeus, deixaram a região a pé, seguindo a linha ferroviária chegar à cidade de Ollantaytambo, a 30 quilómetros, onde aguardam por um autocarro.

O comboio entre a cidadela de pedra e Cusco, a antiga capital do Império Inca, localizada a 110 quilómetros, é a única forma moderna de chegar ao ‘ex-líbris’ do turismo peruano.

Em Aguas Calientes, uma vila termal localizada no vale íngreme ao pé do sítio histórico, e por onde se pode aceder a Machu Picchu, dezenas de turistas também esperam por transporte.

“O que eles temem é chegar a Cusco e não poderem voltar para o seu país, porque temem que a situação piore”, sublinhou ainda Darwin Baça.

O Governo português está a diligenciar a retirada o mais rápido possível de 65 turistas portugueses que estão no Peru, disse hoje à agência Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.

De acordo com o portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 2020, estavam registados na embaixada de Portugal em Lima 242 cidadãos portugueses.

Pelo menos 18 pessoas morreram durante as manifestações e confrontos com as forças de segurança que abalam o país desde 07 de dezembro.

Uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) visitará o Peru de 19 a 21 de dezembro, adiantou hoje este órgão autónomo da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A agência especificou que a secretaria executiva da CIDH está "disponível" para visitar o Peru de 19 a 21 de dezembro, enquanto outra visita de um relator está prevista para janeiro.

Castillo pediu esta quarta-feira, desde a prisão, que a CIDH interceda pelos seus direitos, enquanto o novo governo de Dina Boluarte ainda não informou sobre nenhum pedido de visita desta organização.

Também hoje o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, voltou a apelar ao respeito pelo Estado de direito no Peru e a garantia da liberdade de reunião e manifestação pacífica.

O porta-voz da organização, Stéphane Dujarric, lembrou Guterres, “está a acompanhar a situação com preocupação” e que lamenta a perda de vidas humanas.

Boluarte assumiu a presidência do Peru em 07 de dezembro, substituindo Pedro Castillo, que foi demitido pelo Congresso depois de determinar a dissolução deste órgão e anunciar a formação de um governo de emergência e que iria governar por decreto, convocar uma assembleia Constitucional e reorganizar o sistema de justiça.

A nova Presidente propôs ao Congresso antecipar as eleições gerais para dezembro de 2023 para conter os protestos desencadeados após a demissão de Castillo, que denunciou ser vítima de um golpe.

Na quarta-feira, a chefe de Estado declarou estado de emergência que estará em vigor durante 30 dias, o que implica a suspensão dos direitos de reunião ou liberdade de circulação.

No entanto, esta medida não acalmou os ânimos dos manifestantes e, pelo contrário, parece ter agravado os protestos.

Mundo

Mais Mundo

Patrocinados