Sete jovens portugueses retidos no Peru. "Ficaram 50 horas num autocarro porque as estradas foram cortadas por manifestantes”

Agência Lusa , BCE
14 dez 2022, 17:12

Os jovens são colegas do curso de medicina da Universidade de Coimbra, tinham terminado os seis anos de curso e realizado o exame final e como prémio decidiram fazer uma viagem de duas semanas: uma semana no Rio de Janeiro e outra no Peru

Sete jovens portugueses estão retidos num hotel na segunda maior cidade do Peru, onde os conflitos associados à destituição do presidente peruano estão a impossibilitar o seu regresso a Portugal, disse à Lusa a mãe de um dos jovens. Entretanto o governo peruano declarou o estado de emergência em todo o território durante 30 dias, dando assim força às autoridades para controlarem os protestos que se fazem sentir um pouco por todo o país, nomeadamente pela possibilidade de o exército intervir na situação.

“Eles estão presos num hotel em Arequipa, onde chegaram com muita dificuldade. Na noite de sábado ficaram retidos quando seguiam na estrada Pan Americana em direção a Cuzco. Seguiam num autocarro onde ficaram durante 50 horas porque as estradas foram cortadas por manifestantes”, disse à Lusa Paula Rodrigues.

Os protestos no Peru intensificaram-se nos últimos dias, com o bloqueio de estradas e a ocupação do segundo maior aeroporto do país, em Arequipa, que fica a cerca de 1.200 quilómetros da capital, Lima.

Quando perceberam que o autocarro teria dificuldades em sair do local, os jovens portugueses, juntamente com dois dinamarqueses, dois peruanos e a guia, decidiram seguir a pé até à vila mais próxima, relatou Paula Rodrigues.

“Chegaram a uma vila no meio do deserto onde conseguiram arranjar uma carrinha que lhes permitiu chegar a uma outra vila”, contou a mãe do rapaz de 24 anos, com quem continua a manter um contacto telefónico regular.

Quando os jovens chegaram ao Peru foram apanhados de surpresa pelos tumultos provocados pela destituição do presidente do Peru, Pedro Castillo, detido sob a acusação de promover um “golpe de Estado”. Em Arequipa, cerca de dois mil manifestantes invadiram a pista do aeroporto na segunda-feira, suspendendo o tráfego aéreo.

Além do bloqueio do aeroporto, as manifestações no Peru intensificaram-se com cortes de estradas por todo o país num amplo movimento popular e indígena que contesta a elite política de Lima.

Os jovens portugueses tinham viagem de regresso marcada para esta quarta-feira às 16:30 (hora de Lisboa), mas a essa hora ainda permaneciam num hotel em Arquipa, a cerca de 1.200 quilómetros da capital.

Os jovens são colegas do curso de medicina da Universidade de Coimbra, tinham terminado os seis anos de curso e realizado o exame final e como prémio decidiram fazer uma viagem de duas semanas: uma semana no Rio de Janeiro e outra no Peru.

Na segunda-feira tentaram contactar a embaixada de Portugal no Peru com quem têm estado em contacto, no entanto os pais dos jovens começam a ficar preocupados por não conseguir garantir o rápido regresso.

“Neste momento eles estão retidos num hotel à espera de uma solução para regressar”, disse Paula Rodrigues, explicando que a ideia é conseguir uma ligação até Lima e ai conseguir um voo com destino à Europa.

MNE garante que portugueses no Peru "estão em segurança"

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros diz estar a acompanhar a situação, através da Embaixada de Portugal em Lima, "desde o início e em permanência".

"A Embaixada de Portugal em Lima tem realizado todas as diligências possíveis junto das autoridades peruanas e mantido contactos com os portugueses e respetivas famílias, tendo em vista a sua saída, em segurança, do país. Uma vez que existem outros cidadãos comunitários no Peru, em idêntica situação, está em curso a articulação com os representantes diplomáticos dos demais países da União Europeia no Peru, bem como com o Delegado da União Europeia".

A mesma fonte garante que "os portugueses que se encontram, neste momento, no Peru estão em segurança, com o acompanhamento e apoio da Embaixada em Lima, até à reabertura dos aeroportos, para poderem viajar e sair do país de forma segura. O MNE continuará a acompanhar e a prestar todo o apoio necessário".

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