TAP ajuda PJ a travar venda de peças falsificadas na manutenção de aviões

21 mai, 12:43

Denúncia partiu da própria transportadora portuguesa. PJ investiga crime de "atentado à segurança de transporte por ar". Dos três detidos na operação, dois são empresários do setor da venda de materiais e um é funcionário da própria TAP

A Polícia Judiciária e o DCIAP têm em marcha uma operação com três detenções e buscas a uma empresa fornecedora de componentes e peças para aviões de várias companhias internacionais no âmbito da manutenção feita às respetivas aeronaves, por parte dos serviços de engenharia da TAP, em Lisboa. Em causa, crimes como atentado à segurança de transporte aeronáutico ou corrupção e burla. 

A denúncia partiu da própria transportadora portuguesa, sabe a CNN Portugal, que é uma referência de engenharia na manutenção de aviões a nível internacional. Grandes companhias recorrem ao nosso país para revisão dos seus aparelhos. É por sua vez a TAP recorria a uma empresa fornecedora de materiais - tendo detetado que a mesma vendia, para instalação nos motores dos aviões, peças não certificadas, procurando com isso a uma maximização dos lucros à custa do risco na segurança aeronáutica.

Com base nas denúncias da própria TAP, a situação foi identificada e restabelecida a segurança nos vários aviões em causa - tendo PJ e o Ministério Público sido alertados para o caso, numa investigação que dá agora origem a buscas e detenções.

Em comunicado, a PJ adianta que foi dado cumprimento de 10 mandados de busca nas regiões de Lisboa, Margem Sul, Alentejo, Algarve e interior do país, "tendo sido detidos três suspeitos dos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, administração danosa, atentado à segurança de transporte por ar, branqueamento, corrupção passiva, corrupção com prejuízo do comércio internacional e fraude fiscal qualificada".

"Em causa estão suspeitas de fornecimento de peças e componentes aeronáuticos a companhias de transporte aéreo e às respetivas unidades de manutenção, acompanhados de documentação de certificação que se suspeita ter sido forjada. Estes componentes, classificados como “Suspected Unapproved Parts”, não cumprirão com os requisitos exigidos pelos fabricantes originais", adianta a nota.

A PJ confirma ainda que "a investigação resulta da denúncia apresentada por uma das operadoras aéreas lesadas com a atuação dos suspeitos, em 2023, na sequência da deteção, nas suas cadeias de abastecimento, de componentes não certificados, destinados a ser instalados em motores aeronáuticos, no decurso de ações de manutenção".

Em resposta à CNN Portugal, a TAP confirmou as buscas e garante estar a colaborar com as autoridades.

"Confirma-se que houve buscas hoje relacionadas com um caso judicial em que a TAP é denunciante e sobre o qual não fazemos comentários. A companhia está, naturalmente, a colaborar com as autoridades".

Funcionário da TAP suspeito de corrupção na compra de peças falsificadas 

Dos três detidos na operação por atentado à segurança aeronáutica, dois são empresários do setor da venda de materiais e um é funcionário da própria TAP. Foi indiciado por corrupção sob suspeita de ter sido subornado para adquirir, em nome da companhia aérea na área da manutenção, peças e componentes cuja certificação sabia ser falsificada.

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