Chefe das prisões das Filipinas acusado de ordenar assassínio de jornalista

Agência Lusa , AM
7 nov 2022, 07:28
Percy Lapid (Getty Images)

Percy Lapid, jornalista crítico da classe política e conhecido por expor a corrupção, foi morto a tiro por dois homens numa mota que o atacaram à entrada de um bairro residencial na parte norte da capital filipina

A polícia das Filipinas acusou esta segunda-feira o diretor das prisões do país de ordenar o assassínio, no início de outubro, de Percival Mabasa, um jornalista crítico da classe política e conhecido por expor a corrupção.

O jornalista de 63 anos, mais conhecido como Percy Lapid, foi morto a tiro por dois homens numa mota que o atacaram à entrada de um bairro residencial na parte norte da capital filipina, Manila.

O alegado atirador, Joel Escorial, rendeu-se às autoridades em outubro, dizendo temer pela vida, depois da polícia ter divulgado imagens, retiradas de uma câmara de vigilância, que mostravam o rosto de Escorial.

A polícia registou uma denúncia de homicídio contra o diretor-geral da administração penitenciária, Gerald Bantag, suspenso desde 21 de outubro, e um assessor de Bantag para a segurança, Ricardo Zulueta.

Gerald Bantag “será provavelmente o funcionário de mais elevado escalão neste país alguma vez acusado num caso desta gravidade", disse o secretário de Justiça das Filipinas, Crispin Remulla.

Bantag terá ordenado o assassínio de Percy Lapid após o jornalista ter “de forma continuada exposto suspeitas” de eventual corrupção na gestão das prisões do país no popular programa de rádio que Lapid apresentava, disse Eugene Javier, da polícia de investigação das Filipinas.

Segundo um comunicado conjunto dos ministérios da Justiça e do Interior e da polícia, Bantag convocou três líderes de organizações criminosas, presos na maior prisão do país, para procurar um atirador para matar Lapid, num contrato de 550 mil pesos (9.450 euros).

Joel Escorial identificou publicamente um preso, Jun Villamor, que disse ter sido designado pelos líderes das organizações criminosas para organizar o assassínio de Lapid.

Mais tarde, os líderes terão matado Villamor dentro da prisão, sufocando-o com um saco plástico, supostamente por ordem de Gerald Bantag e Ricardo Zulueta, disseram as autoridades.

Bantag, que também foi acusado de ordenar a morte de Jun Villamor, negou qualquer envolvimento nos assassínios.

O assassínio demonstra “a infeliz transformação de um pilar da Justiça – o pilar de correção – numa organização criminosa profunda, em larga escala e sistemática”, admitiu o comunicado conjunto.

“Esta será a causa de muitas reformas no Governo e do fortalecimento dos mecanismos atuais para garantir que nada desta natureza volte a acontecer”, garantiram as autoridades.

Percy Lapid foi o terceiro jornalista a ser morto nas Filipinas este ano, de acordo com a UNESCO.

A organização Repórteres sem Fronteiras classificou as Filipinas em 147.º lugar entre 181 países no relatório de 2022 sobre liberdade de imprensa, caindo seis lugares no 'ranking' desde 2016.

As Filipinas estão entre os países mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo. Desde o regresso da democracia, em 1986, foram mortos quase 200 jornalistas.

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