O que são pequenos-almoços flutuantes, e porque ganharam tanta popularidade?

CNN , Lilit Marcus
25 nov 2021, 23:05
Pequeno-almoço flutuante

Se segue resorts de luxo ou influencers de viagens no Instagram, é provável que já lhe tenha passado pela vista um “pequeno-almoço flutuante”.

Caso não conheça, eis o que deve saber: é o típico pequeno-almoço, torrada, fruta, café, etc…do serviço de quartos de um hotel de luxo, servido numa piscina ou jacúzi em vez de servido na cama. Por norma, é colocado em tabuleiros enormes ou cestos coloridos, decorado depois com flores tropicais para lhes dar um ar ainda mais fotogénico.

Estes pequenos-almoços são muito populares na Ásia e no Pacífico, especialmente em resorts privados em sítios quentes como Tailândia, Fiji e Maldivas.

Quase todos estão de acordo que a moda nasceu em Bali, ainda que nenhum um resort específico tenha ficado com os louros da ideia.

Se estes pequenos-almoços se tornaram moda nas ementas dos resorts nos últimos cinco anos, a sua popularidade cresceu exponencialmente com a pandemia do coronavírus, com os hóspedes a evitarem os bufetes e as salas de refeições comuns.

“Ao longo do ano passado, as refeições nos quartos ganharam muita fama, especialmente para os que procuram conforto na segurança do seu quarto”, diz Jann Hess à CNN Travel, gerente do Amanjiwo, em Bali.

“O pequeno-almoço flutuante é uma escolha popular.”

Afinal de contas, requer uma piscina para flutuar e uma piscina privativa é uma escolha muito mais adequada do que uma piscina comum, onde uma criança a saltar para a água pode fazer revirar o tabuleiro.

Para lá do Instagram

Ainda que as cores lindíssimas e o dramático empratamento dos pequenos-almoços flutuantes os tornem perfeitos para as redes sociais, pedir às pessoas que vão para a piscina mal acabem de acordar ou sem beber um café antes, parece uma potencial receita para o desastre.

Servirão estes pequenos-almoços apenas para ser partilhados e descartados, ou será que as pessoas desfrutam mesmo deles?

James Booth, repórter da DMarge.com, sediado em Sydney, admite ter pensado o mesmo antes de experimentar um no resort de luxo em Bali, em 2019.

Contou à CNN Travel que, para ele, a luxuosa refeição funcionou melhor no conceito do que na execução. Apesar de Booth ter marcado uma hora específica para o pequeno-almoço, acabou por acordar 20 minutos mais tarde e perder a janela ideal para a degustação.

“Percebi que o ideal não era deixar o pequeno-almoço na rua, num ambiente tão húmido.”

Mesmo com a comida a ficar fria, ele estava determinado em tirar uma foto ao requintado arranjo para o Instagram, antes de comer. Os funcionários do hotel haviam colocado o tabuleiro numa zona separada da piscina, mas ele passou-o para uma zona maior para emoldurar o cenário.

O tabuleiro acabou por começar a flutuar em diferentes direções e ele a tentar encurralá-lo, ainda de olho meio fechado.

“Tive vergonha de pedir ajuda, pelo que entornei tudo por todo lado. Entrou água da piscina para o café e o pão ficou empapado.”

 

No entanto, Booth culpa-se a mim mesmo e não aos funcionários do resort que organizaram a refeição.

“Acho que é algo violento ir para a água mal acordamos”, diz ele.

Se repetisse a experiência, mudaria algumas coisas, nomeadamente beber primeiro o café para acordar melhor e não andar a derrubar nada, e procurar uma zona da piscina onde comer descansado em vez de andar descoordenadamente pela piscina.

Flutuar a ideia

O pequeno-almoço flutuante rapidamente se tornou em mais uma comodidade dos hotéis de luxo, como o chá da tarde ou as iguarias extra. Em plena pandemia, os viajantes domésticos que aproveitaram as estadias mais acessíveis, também se renderam aos pequenos-almoços flutuantes.

Timo Kuenzli, gerente do resort Cape Fahn, em Koh Samui, diz que, no último ano, quase todos os hóspedes pediram um.

“Nota-se claramente que o mercado asiático é um mercado mais virado para providenciar momentos dignos do Instagram.”

Para além das belíssimas fotos, também servem de publicidade gratuita, pois as pessoas veem as fotos dos pequenos-almoços, vão averiguar o local e depois também pretendem a mesma experiência quando ficam hospedadas no Cape Fahn.

E graças à sua crescente presença, os resorts têm de ir elevando a fasquia para que a sua oferta sobressaia.

O Six Senses Uluwatu, em Bali, serve os seus num cesto vermelho em forma de coração. O Anatara, em Koh Phangan, Tailândia, oferece uma extravagância flutuante de “sunset sushi”. Cape Fahn está a trabalhar numa experiência de chá da tarde flutuante.

Independentemente da opinião pessoal sobre as ofertas dos hotéis direcionadas ao Instagram, parece que estas refeições flutuantes são uma moda que veio para ficar.

Mas não se esqueça de beber o café primeiro.

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