Este peixe-robô tem estado a nadar no Lago de Zurique

CNN , Amy Gunia e Alkira Reinfrank
15 ago, 09:00
Peixe-robô Eve

Este peixe-robô pode, um dia, mudar a forma como os nossos oceanos são estudados

A cerca de 400 quilómetros do mar mais próximos, os estudantes de engenharia do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, o ETH Zurich em inglês, na Suíça, estão a trabalhar no duro em robôs de última geração que podem vir a mudar a forma como são estudados os oceanos.

Eve, o peixe-robô, abana a sua cauda de silicone de um lado para o outro, à custa de bombas hidráulicas escondidas no seu interior, enquanto desliza de uma forma fluída pelas águas frias do Lago de Zurique, onde está a ser testada pela SURF-eDNA. O grupo liderado por estudantes passou os últimos dois anos a construir um cardume de peixes-robô macios. Eve é o mais recente deles.

“Ao fazermos Eve parecida com um peixe, somos capazes de entrar no ecossistema que estamos a investigar da forma menos invasiva possível”, explica o estudante de mestrado Dennis Baumann à CNN, acrescentando que o desenho biométrico deve conseguir evitar que os peixes e outras espécies aquáticas se assustem com a sua presença. “Podemos misturar-nos no ecossistema”, diz.

Um peixe-robô desenhado e desenvolvido pelos estudantes do ETH Zurich (SURF eDNA)

A capacidade de Eve se camuflar como um peixe não é a sua única característica com utilidade. Este veículo autónomo subaquático (AUV, na sigla inglesa) também está equipado com uma câmara que permite filmar debaixo de água, e com um sonar, que, aliado a um algoritmo, permite evitar obstáculos.

Este peixe-robô tem ainda um filtro para recolher ADN do meio ambiente, conhecido como eDNA, enquanto nada. As partículas podem ser enviadas para um laboratório para sequenciamento, determinando que espécies vivem naquelas águas.

“Todos os animais naquele meio ambiente libertam ADN, então há ADN a flutuar à sua volta, que nós podemos encontrar”, explica Martina Lüthi, investigadora de pós-doutoramento no ETH Zurich, à CNN.

Os estudantes esperam que Eve seja capaz de dar aos cientistas um retrato mais detalhado dos oceanos e dos seus habitantes. Apesar de os oceanos cobrirem mais de 70% do nosso planeta, a maioria das coisas que existem debaixo de água continua a ser um mistério.

Equipamentos como os veículos autónomos subaquáticos ou os veículos operados remotamente estão a ser cada vez mais usados para explorar os oceanos e para aprender mais sobre os seus habitantes. A start-up Aquaai, da Califórnia, por exemplo, desenvolveu drones semelhantes a peixes-palhaço, que conseguem recolher informações tais como os níveis de oxigénio, de pH e de salinidade nos cursos de água. E, no ano passado, um equipamento capturou aquele que se tornou o peixe filmado na maior profundidade de sempre, a 8.300 metros.

O uso de eDNA para monitorizar a biodiversidade está a aumentar. Contudo, o processo de amostragem pode ser ainda rudimentar: alguns cientistas continuam a fazer a recolha com recurso a um copo inclinado na lateral de um barco.

Ferramentas mais avançadas para o estudo dos ambientes poderão vir a tornar-se vitais para uma mulher proteção dos oceanos, numa altura em que os habitats marítimos enfrentam ameaças sem precedentes devido às alterações climáticas, à pesca excessiva e a outras atividades humanas.

“Queremos construir uma ferramenta de confiança para os biológicos”, diz Baumann, acrescentando que há a esperança de, um dia, serem capazes de dar escala à sua tecnologia, tornando-a acessível a qualquer cientista que a queira utilizar. “Talvez possamos evitar que algumas espécies sejam ameaçadas ou acabem mortas”.

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