Vegan, cetogénica, paleolítica? Qual a dieta mais amiga do ambiente?

5 mar 2023, 11:00
Dieta (Pexels)

Duas das dietas mais mediáticas do momento, a cetogénica e a vegan, estão em pontas opostas quando o assunto é a pegada carbónica. E há más notícias para quem acha que comer como os paleolíticos é a solução

Uma alimentação saudável e equilibrada já não é apenas aquela que oferece um maior número de nutrientes e um aporte calórico adequado. Com as alterações climáticas no centro das atenções atuais, a pegada carbónica de cada padrão alimentar é também um fator a ter em conta e há dietas que se mostram mais amigas do ambiente do que outras.

A conclusão é de um recente estudo da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos. Publicado esta semana no The American Journal of Clinical Nutrition, o estudo defende que as dietas que excluem os alimentos de origem animal, como a vegan e a vegetariana, são as que têm menor impacto ambiental. Mas é a que inclui peixe (não carne) a mais saudável.

Do lado aposto está, por exemplo, a dieta cetogénica, que ganhou popularidade nos últimos anos, mas que, na verdade, é a que tem maior impacto a nível ambiental, não sendo também adequada a todo o tipo de pessoas. Esta dieta caracteriza-se, sobretudo, pela exclusão de hidratos de carbono e pela maior ingestão de gorduras e proteínas.

De modo a perceber qual o padrão alimentar mais amigo da saúde humana e ambiental, o estudo incluiu as dietas vegan (que exclui qualquer alimento de origem animal, incluindo o mel), vegetariana (que não é restrita e pode inclui o consumo de ovos e/ou laticínios), pescatariana (que exclui carne, mas permite o consumo de peixe, marisco e moluscos), paleolítica (à base de plantas, carne, peixes e ovos e que exclui alimentos processados e ultraprocessados, incluindo-se aqui laticínios e até leguminosas, por exemplo), cetogénica e todas as outras dietas onívoras. 

Para analisarem cada uma destas dietas, os investigadores passaram a pente fino os dados recolhidos entre 2005 e 2010 sobre as emissões médias diárias (em quilogramas) de gases com efeito de estufa equivalentes a dióxido de carbono por mil calorias. Além disso, e como o objetivo é perceber o quão saudável e, ao mesmo tempo, amiga do ambiente uma dieta é, os cientistas classificaram ainda a qualidade da dieta através do Índice de Alimentação Saudável e do Índice de Alimentação Saudável Alternativa dos Estados Unidos.

Diz o estudo que as pegadas médias de carbono das dietas vegan e vegetariana foram menores do que as da pescatariana, omnívora, paleolítica ou cetogénica, aqui apresentadas por ordem decrescente de impacto ambiental.

Olhando para números, a dieta cetogénica gera quase três quilos de dióxido de carbono para cada mil calorias consumidas, sendo que num adulto saudável o recomendado é que sejam ingeridas, pelo menos, duas mil calorias por dia. Já a dieta paleolítica equivale a 2,6 quilos de dióxido de carbono por cada mil calorias consumidas.

Já a dieta vegan assume um impacto de 0,7 quilos de dióxido de carbono por cada mil calorias consumidas, estando na liderança da lista das dietas mais amigas do ambiente.

Quanto ao impacto positivo para a saúde, a dieta pescatariana e as dietas vegetarianas assumiram-se como melhores quando comparadas com as outras, sendo a cetogénica a menos recomendada. 

A dieta vegan, seguida por pelo menos 12% dos portugueses, é a melhor para o planeta, embora seja a mais cara entre os quatro regimes alimentares mais comuns, indica a Deco Proteste. No entanto, a Associação Vegetariana Portuguesa (AVP) contestou a análise da Deco Proteste, afirmando ser a mais barata.

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