Espanha teve um "incêndio de sexta geração": tão forte que pode mudar o clima e causar tempestades de fogo

3 jul, 00:17
Incêndio em Espanha (Victor Fernandez/Europa Press via Getty Images)

O primeiro incêndio deste género na Europa aconteceu em Pedrógão Grande em 2017, quando morreram 65 pessoas

Dois homens de 32 e 45 anos pegaram no carro para fugir das chamas que se aproximavam perigosamente de Coscó, na cidade catalã de Lleida.

A viatura acabou por ficar presa e os dois homens ainda tentaram fugir a pé, mas foram apanhados pela fúria do primeiro grande incêndio da Catalunha, que já consumiu mais de seis mil hectares.

Os bombeiros acabaram por encontrar os dois corpos quando batiam a zona para tentar controlar o perímetro das chamas, o que já foi conseguido. As duas vítimas estavam a 150 metros da viatura que tinham deixado presa numa ribeira.

Quanto à origem do fogo, que deflagrou em plena onda de calor na Península Ibérica, suspeita-se que terá sido uma máquina agrícola. Causa natural ou não, o incêndio colocou as autoridades catalãs em alerta máximo.

O presidente da Generalitat, Salvador Illa, suspendeu toda a gente e anda ao lado dos bombeiros e da proteção civil a tentar perceber o que é preciso fazer. Foi ele mesmo que fez o aviso mais sério: "Os incêndios de agora não são como os de antes, será um verão complicado".

Mas a Catalunha, e de certa forma também Espanha como um todo, olham para o incêndio de outra forma. Não foi apenas uma tragédia que roubou a vida de duas pessoas, mas antes um aviso para o que pode ser um novo normal.

Os bombeiros já afirmaram que este foi um fogo de sexta geração (muito violento e com capacidade de modificar a meteorologia do local onde deflagra). O fogo de Pedrógão Grande em 2017, onde morreram 65 pessoas, foi o primeiro do género na Europa. As chamas em Segarra foram de tal forma violentas e imprevisíveis que os bombeiros não tiveram outro remédio a não ser, a dada altura, suspender o combate. Voltariam mais tarde para o controlar.

Apoiadas pelo vento, as chamas chegaram a deslocar-se a 28 quilómetros por hora, naquela que é uma das velocidades mais altas registadas em fogos na Europa, de acordo com as autoridades.

Foi também aqui que se desenrolou um pirocúmulo, uma brutal coluna de fumo e cinza que, neste caso, alcançou os 14 quilómetros de altura.

“Nem que tivéssemos o triplo dos meios podíamos ter extinguido este incêndio no primeiro momento”, lamentou Salvador Illa.

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