Antigo presidente do partido deixa a porta aberta, e até já sabe como quer regressar. Pelo meio, recados ao Presidente da República
Depois de romper com o PSD há cerca de três anos, na sequência de ter perdido as eleições para a presidência do partido para Rui Rio, Pedro Santana Lopes diz não estar arrependido: "Houve uma ligação que acabou". Ainda assim, em entrevista à CNN Portugal, o atual presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz não coloca de parte um eventual regresso aos sociais-democratas.
"Gosto muito do PPD/PSD, nunca deixei de gostar", afirmou, num estilo bem caraterístico de se referir ao partido.
Questionado sobre quando foi a última vez que falou com Rui Rio, refere que foi ainda antes do Congresso do PSD, ao qual acabou por não ir: "Podia ter ido, podia ter estado na linha da frente, até podia ter falado".
Confessando "dois amores" (Aliança e PSD), Santana Lopes admite assim um regresso ao PSD: "Há uma pessoa que quer muito, que é a Conceição Monteiro. Acho que é provável, eu sou de lá, eu pertenço lá. Gosto de voar sozinho, mas sei qual é o meu bando".
Sobre o regresso e o seu momento, diz que é algo que não tem claro, mas garante que, quando acontecer, será pela mesma porta por onde saiu, sem "palmas, assobios ou festas".
A acontecer, diz, esse regresso não estará nunca relacionado com uma eventual aproximação do PSD ao poder.
O atual momento político e a importância de Marcelo
Afirmando-se como alguém que sempre foi contra o bloco central, Pedro Santana Lopes diz que há um desgaste do atual Governo, antes de deixar um elogio a António Costa: "Não vou dizer que foi um herói, mas gerir um país num processo de pandemia é dificílimo", afirma, notando que poderia existir no primeiro-ministro um maior desgaste.
Mas o autarca coloca o ónus no Presidente da República, que na altura da dissolução do Parlamento foi "categórico", postura que, para Santana Lopes, deve manter a partir das eleições, sob pena de Portugal não conseguir encontrar solução governativa.
É por isso que Santana Lopes vê como forte um entendimento de PS e PSD, algo que coloca como dependente de Marcelo Rebelo de Sousa, que, a partir de 31 de janeiro deve procurar fomentar uma solução de governo.
"António Costa já disse tudo e o seu contrário, está muito errático. Hoje já está disposto ao diálogo com toda a gente", vinca, dizendo que não faz sentido as posições tomadas por PS, PCP e Bloco de Esquerda.
Por isso mesmo, Santana Lopes diz que a solução mais viável poderá mesmo ser um entendimento ao centro. O ex-adversário de Rui Rio vê no atual presidente do PSD alguém capaz de vencer as eleições: "Tem um bom programa, tem-no exposto, os portugueses sabem que é uma pessoa séria".
"Ele pode vencer as eleições. É o único que aprendeu que o grande problema de Portugal é a economia e o crescimento", aponta, dizendo que Rui Rio tem a mensagem correta, antes de confessar ainda não ter decidido o sentido de voto.