Situação do INEM é "muito, muito preocupante". Pedro Nuno acusa Governo de não ter antecipado greve e critica ministra

Agência Lusa , ARC
6 nov, 16:50
Pedro Nuno Santos (LUSA)

O líder do PS diz que a "resposta de emergência médica em Portugal é uma área muito sensível"

O secretário-geral do PS manifestou esta quarta-feira muita preocupação com a situação no INEM, considerando inconcebível que a ministra da Saúde tenha afirmado que não sabia que ia haver uma greve e acusando o Governo de não a ter antecipado devidamente.

Em declarações aos jornalistas na sede nacional do PS, em Lisboa, Pedro Nuno Santos reagiu às declarações da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, esta terça-feira, que reconheceu não esperar as greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar, adiantando que a tutela está a trabalhar para que nos próximos dias sejam criadas “linhas alternativas de apoio”.

O líder do PS afirmou que a “resposta de emergência médica em Portugal é uma área muito sensível” e considerou “muito, muito preocupante” o que se tem assistido nos últimos dias.

“Primeiro, que um ministro não saiba que vai haver uma greve e, segundo, que não tenha feito tudo o que era possível para minorar o impacto negativo de uma greve deste tipo. E isso gera em nós, e julgo que em todos os portugueses, um grande sentimento de insegurança”, afirmou.

Pedro Nuno Santos afirmou que já há relatos de pelo menos uma morte por atraso no atendimento médico, reiterando que lhe preocupa muito as declarações da ministra e “a falta de resposta até ao dia de hoje”.

“Se há coisa que nós sabemos quando há uma greve, desde logo pré-aviso da mesma, é que os poderes públicos têm de se preparar para minorar os impactos negativos da greve e o que esta declaração da senhora ministra mostra é que essa preparação não foi feita”, afirmou, acrescentando que “é fácil apresentar-se PowerPoints”.

“Um Governo começa a ser testado na sua competência nestes momentos, perante problemas concretas e este Governo, quando testado perante problemas concretos, falha. Este é mais um exemplo da incompetência do Governo”, criticou.

Pedro Nuno Santos fez estas declarações pouco depois de ter participado numa reunião com a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), tendo voltado a criticar Luís Montenegro por achar que “não tem de visitar bairros onde se vive em condições que não são dignas”, defendendo que, “quem não cuida bem daqueles que têm mais problemas, não cuida bem de ninguém”.

“Qualquer membro de um Governo, qualquer primeiro-ministro, faz melhor o seu trabalho se tiver a capacidade de ouvir. (…) Para nós, é muito importante que, quando tomamos decisões e desenhamos políticas públicas, o tenhamos feito depois de termos tido a capacidade de ouvir”, afirmou.

Pedro Nuno Santos disse que o PS não tem uma perspetiva “apenas securitária, ou repressiva ou punitiva dos fenómenos de criminalidade”, salientando que o partido “faz sempre um esforço de tentar encontrar as melhores respostas para garantir uma sociedade mais segura”.

Sobre a sua reunião com a ASPP/PSP, Pedro Nuno Santos disse que o partido defende uma “proximidade entre a polícia, as comunidades e os bairros”, referindo que não quer que quem vive naqueles bairros “olhe para a PSP como adversários” e que se deve apoiar o policiamento de proximidade.

Por sua vez, o presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, disse aos jornalistas que pediu ao PS uma “maior pressão” sobre os temas que o sindicato tem defendido, como “o direito à greve, a condição policial ou os meios necessários para levar a cabo uma segurança interna de qualidade junto das populações”.

Salientando que conhece “sobejamente” a posição do PS quanto ao direito à greve, Paulo Santos convidou Pedro Nuno Santos “a fazer uma reflexão sobre o que está em causa, e não tão pouco reagir politicamente a estas apreciações”.

O presidente da ASPP/PSP defendeu que, para o sindicato, o direito à greve “é imperativo”, frisando que não está barrado pela Constituição da República, e salientou que o sindicato vai agora “tentar, politicamente, junto dos grupos parlamentares, perceber a sensibilidade para se poder avançar com uma alteração legislativa” que consagre esse direito.

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