Olhar o futuro: vem aí a CNN Portugal International Summit

25 de novembro

Hotel Ritz Four Seasons, Lisboa

"Falhámos", assume Pedro Nuno Santos. E não quer repetir o erro que cometeu em entrevista "à CNN"

25 nov, 18:47

Líder do PS refere que "muitas famílias" sentem "insegurança perante a vida" - não só "insegurança física"

O tema principal era sobre como a esquerda pode sobreviver na Europa perante o crescimento da extrema-direita, mas Pedro Nuno Santos não deixou de avançar aquilo que procura no próximo candidato às presidenciais portuguesas, referindo, durante a sua intervenção no CNN International Summit, que tem em Jorge Sampaio e em Mário Soares dois "grandes exemplos" daquilo que acha que deve ser um PR. 

Destacando que Soares foi o primeiro Presidente da República não militar no pós-25 de Abril, Pedro Nuno Santos apontou que não tem quaisquer anticorpos a uma candidatura que venha das fileiras do Exército, da Força Aérea ou da Marinha, o ramo chefiado pelo almirante Gouveia e Melo - que pode vir a apresentar uma candidatura em março do próximo ano. 

"Ser militar não é uma questão relevante", afirma. “Tenho muito respeito pelos militares.” Ainda assim, destaca, “o PS deve apoiar candidatos presentes da sua área política”. Mas, para isso, “temos de dar espaço para que as pessoas avencem”. Sobre se prefere algum nome, nomeadamente o de Mário Centeno - que assumiu na CNN International Summit que não exclui uma candidatura a Belém -, Pedro Nuno Santos relembra o tempo em que, durante a entrevista em outubro na CNN Portugal, avançou os nomes de Augusto Santos Silva, António Vitorino, António José Seguro e Ana Gomes como presidenciáveis. "Eu cometi o erro na CNN de falar uma vez em nomes, portanto não vou falar em nomes."

Num discurso que começou com uma espécie de mea culpa como presidente de um partido socialista europeu, Pedro Nuno vaticinou que o estado do seu campo político neste momento não é bom. "Nos quatro países da UE em que os partidos socialistas governam há riscos sérios de recuar nas próximas eleições". 

Acrescentando que "não tem dúvidas de que se os cidadãos sentissem que a política responde aos seus problemas a extrema-direita não tinha um caminho tão fácil", Pedro Nuno apontou que "nós falhámos" e que o motivo dessa falha foi o "facto de muitas das famílias" sentirem "insegurança perante a vida" - não só "insegurança física".

“Os Governos em Portugal têm muita dificuldade em dizer que não”

Depois de Luís Montenegro ter dito esta segunda-feira a economia vai crescer 3,5% devido a políticas de fiscalidade do Governo e ao IRS Jovem, o secretário-geral do PS afirma que essa análise mostra “uma incapacidade de perceber qual o problema da economia - e que é um problema transversal a todos os Governos”.

Esse problema, diz, é o facto de os “nossos sistemas de incentivo serem dos mais abrangentes da União Europeia”. “Os governos em Portugal têm muita dificuldade em dizer que não”, refere, acrescentando que isso leva o país a não ter “poder de fogo”.

Já sobre se o governo de António Costa perdeu a oportunidade de transformar a economia de uma forma mais seletiva, o líder socialista destaca que existiam nesse tempo “transformações”, mas a “um ritmo muito mais lento da capacidade que temos de qualificar o nosso país”. “Se fôssemos mais seletivos conseguíamos uma transformação mais intensa.”

Pedro Nuno Santos abordou também a polémica à volta das declarações de Ricardo Leão, autarca de Loures, que defendeu a ideia de despejar "sem dó nem piedade" os inquilinos de casas camarárias que tenham participado em atos de violência. O líder do PS garante que os socialistas não podem "ter a cabeça na areia". "Temos de abordar este tema com coragem e frontalidade. O tema da imigração é importante e o pior que podemos fazer é esconder-nos desse debate. Temos de encarar de frente a extrema-direita e o centro-direita quando se aproxima da extrema-direita", afirma, acrescentando que o Governo português caiu na "tentação de disputar esse campo com a extrema-direita".

O líder do PS assegurou também que há "setores que não funcionam sem estrangeiros", como as "empresas de construção civil que não têm trabalhadores para obras financiadas PRR". "O mesmo acontece com o setor do turismo e o agro-industrial". "Não se pode fazer de conta que o país não precisa desses trabalhadores."

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