Governador brasileiro avisa Portugal para "não baixar a guarda" com o PCC: "Estão a recrutar em maior número aqui e vão invadir muito mais"

Agência Lusa , BCE
2 jul, 19:30
Primeiro Comando Capital (PCC) (Jonne Roriz/AP)

Ronaldo Caiado alerta que, sem uma polícia articulada e rígida, elementos desta organização criminosa "daqui a uns dias estarão a promover aquilo que promovem no Rio de Janeiro, do Nordeste brasileiro, em vários estados brasileiros"

O governador do estado brasileiro de Goiás Ronaldo Caiado advertiu as autoridades portuguesas para "que não baixem a guarda" contra organizações criminosas brasileiras que estão a instalar-se com força em Portugal, como o Primeiro Comando Capital (PCC).

Em conferência de imprensa, questionado pela Lusa, Ronaldo Caiado frisou que o PCC, "passou a recrutar em maior número aqui em Portugal". "O PCC hoje está instalado em 24 países e o maior país da Europa [em que está presente] é aqui em Portugal", e "com a facilidade da língua eles vão invadir muito mais", advertiu o pré-candidato presidencial, um dos principais nomes para assumir o 'bolsonarismo' nas eleições presidenciais de 2026.

As autoridades brasileiras já admitiram a existência de membros da organização criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho em Portugal.

O PCC surgiu há três décadas nas prisões de São Paulo e está presente em todo o território brasileiro e grande parte da América do Sul, especialmente Paraguai e Bolívia.

Já o Comando Vermelho foi criado em 1979 nas prisões do Rio de Janeiro e é hoje uma das organizações criminosas mais perigosas do mundo.

"Se não tiver uma polícia muito articulada, que sejam rígidos para que possam combatê-los, eles daqui a uns dias estarão a promover aquilo que promovem no Rio de Janeiro, do Nordeste brasileiro, em vários estados brasileiros", considerou o também pré-candidato anunciado às presidenciais brasileiras de 2026.

Por sua vez, o ministro da Justiça do Brasil disse esta que a presença de fações criminosas brasileiras em Portugal “são situações episódicas”, considerando, contudo, que “hoje o crime organizado é internacional”.

“O que nós temos aqui da presença de eventuais fações criminosas brasileiras em Portugal e vice-versa são situações episódicas, não é uma colaboração estrutural”, disse, em entrevista conjunta à Lusa e à Efe, Ricardo Lewandowski.

Por essa razão, é algo que não desperta “uma preocupação maior dos brasileiros ou dos portugueses, das autoridades policiais”, frisou.

Ainda assim, o ministro brasileiro realçou que existe “uma estreita colaboração com a polícia portuguesa, sobretudo com a Polícia Federal” do Brasil.

“Então, temos uma colaboração muito próxima entre as polícias e não é um problema que nos aflige particularmente”, concluiu.

Entre hoje e sexta-feira, Lisboa torna-se numa espécie de segunda capital brasileira com a presença de várias das principais personalidades dos três poderes brasileiros, num evento organizado pelo juiz do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e intitulado "O mundo em transformação — Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente".

De acordo com a organização, serão realizados 57 painéis, com 500 palestrantes, com uma estimativa de 2.500 participantes.

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