PS e Chega querem Rangel no parlamento para esclarecer alegadas "condutas impróprias" em Figo Maduro

Agência Lusa , BCE
23 out 2024, 15:36
Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros (LUSA)

Em causa está um episódio entre o ministro dos Negócios Estrangeiros e militares, que ocorreu no aeroporto de Figo Maduro

O PS pediu esta quarta-feira uma audição parlamentar do ministro dos Negócios Estrangeiros para esclarecer as notícias “de condutas impróprias” de Paulo Rangel no aeroporto de Figo Maduro, à chegada de um voo de repatriamento de portugueses do Líbano, como avançou a CNN Portugal.

“As notícias e os detalhes que têm vindo a público em nada contribuem para que este se torne um ‘não assunto’, como tentou fazer querer passar o senhor ministro quando questionado sobre os eventos já referidos. Na verdade, relata-se mesmo um ‘crescente mal-estar’ entre o senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e as Forças Armadas”, refere o requerimento.

“Esta é uma situação que, além de grave, poderá provocar um problema institucional no seio do Governo e minar a sua credibilidade, tratando-se de um ministro de Estado de uma área de soberania onde a articulação com as Forças Armadas é recorrente, e com funções e responsabilidades acrescidas no Governo, nomeadamente as de substituição do senhor primeiro-ministro nas suas ausências”, defende o PS.

No requerimento é relatado que o ministro “terá visto negadas as suas intenções de entrar numa zona militar e aeroportuária interdita por questões de segurança, para receber os passageiros à saída do avião”.

“Essa interdição terá levado o senhor ministro a ‘insultar’ e ‘destratar’ os militares que impediram a sua entrada, recorrendo a uma terminologia que o Partido Socialista, por respeito e em nome da dignidade que nos merece a condição militar, aqui não reproduz, mas que são públicas e ofensivas para os militares das Forças Armadas Portuguesas”, é ainda descrito.

Para o PS, a serem verdade estes relatos, “trata-se mesmo de uma situação e de uma conduta de extrema gravidade, que não é própria de um ministro de Estado, nem do relacionamento com as Forças Armadas Portuguesas, que merecem respeito e dignidade”.

“O Partido Socialista não considera admissível que os militares que servem nas Forças Armadas portuguesas sejam tratados de forma injuriosa por um ministro de Estado que, pela condição que ocupa, terá de ser sempre o primeiro a dar o exemplo”, criticam os socialistas.

Se Paulo Rangel “pretende apenas e só esquecer o que se passou”, o PS indica que, pelo contrário, “quer esclarecer”.

“O povo português precisa e espera por esse esclarecimento e, em particular, os militares das Forças Armadas portuguesas merecem o seu retratamento. Ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros exige-se, no mínimo, que tenha sentido de estado”, sublinha o texto do PS.

Chega também quer Paulo Rangel no parlamento para explicar alegadas ofensas

O Chega quer que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, preste esclarecimentos no parlamento sobre as mesmas acusações, segundo um requerimento divulgado hoje.

“Foi com profunda preocupação que tomamos conhecimento, através de relatos recentes na imprensa, do comportamento inapropriado do senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, durante um incidente ocorrido no Aeródromo Militar de Figo Maduro, onde foram dirigidos gritos e ofensas ao Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Cartaxo Alves, e a outros militares em serviço”, sustenta o Chega no requerimento.

O pedido de audição é subscrito pelo líder parlamentar, Pedro Pinto, e pelos deputados Nuno Simões de Melo, Henrique de Freitas e Nuno Gabriel.

Para os parlamentares do Chega, o alegado episódio, avançado pela CNN Portugal, “compromete a imagem de um membro do Governo, como também atinge a relação de respeito que deve existir entre as autoridades políticas e as Forças Armadas”.

“O comportamento descontrolado do senhor ministro, ao tentar contornar normas de segurança militar e desrespeitar as ordens dos militares que cumpriam o seu dever, é inaceitável e compromete a autoridade, disciplina e dignidade das próprias Forças Armadas, instituição basilar da nossa soberania e defesa nacional”, argumentam.

O Chega quer que Paulo Rangel “preste esclarecimentos urgentes sobre o sucedido, justificando o seu comportamento e explicando de que forma pretende salvaguardar o respeito institucional necessário entre o Governo e as Forças Armadas”.

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