Paulo Raimundo alerta que jovens querem habitação e não "palmadinhas nas costas"

Agência Lusa , AM
14 set 2023, 21:17
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, NA manifestação no âmbito das comemorações do Dia do Trabalhador (LUSA/Miguel A. Lopes)

Secretário-geral do PCP criticou ainda as medidas para os jovens apresentadas por António Costa na semana passada, na Academia Socialista, em Évora.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou esta quinta-feira que os jovens “não precisam de palmadinhas nas costas”, numa crítica às medidas de apoio anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa.

"Passou ao lado de tudo o que é estruturante na vida dos jovens" e "reafirmou as suas opções de fundo", considerou Paulo Raimundo, afirmando que os estudantes "não precisam de palmadinhas nas costas, precisam é de saber onde vão dormir".

Paulo Raimundo intervinha numa sessão pública organizada pela JCP, em Lisboa, destinada a reivindicar mais alojamento estudantil público e que juntou cerca de 50 estudantes universitários comunistas.

Na sua intervenção, Raimundo aproveitou para criticar as medidas para os jovens apresentadas por António Costa na semana passada, na Academia Socialista, em Évora.

"Foi tudo isto que foi afirmado nas entrelinhas das quatro viagens grátis de comboio, das férias nas pousadas da juventude, da eventual devolução das propinas, entre outras", referiu, deixando também críticas, além do PS, ao PSD, Chega e IL que "não querem dar” respostas aos problemas dos jovens.

Raimundo adiantou que a bancada parlamentar do PCP entregará na sexta-feira um diploma – anunciado hoje de manhã – que prevê o aumento do complemento para alojamento e o seu alargamento a todos os estudantes deslocados, o alargamento do complemento de deslocação a todos os bolseiros deslocados.

Este diploma visa dar resposta às dificuldades em que os estudantes universitários deslocados enfrentam para conseguir casa ou cama numa residência pública.

Um colchão insuflável suportado por um estrado dobrável e uma pequena mesa de cabeceira foram colocados no passeio entre as duas vias da Avenida 5 de Outubro, em frente ao histórico edifício do antigo Ministério da Educação, que o Governo pretende transformar em residência universitária, num processo que se arrasta.

Numa teatralização que durou cerca de 20 minutos, os jovens representaram “uma ministra” a entregar ao estudante sentado no colchão a chave daquele “quarto arejado” e com “boa exposição solar”, no qual se podiam “ouvir os passarinhos de manhã”.

Num dos cartazes empunhados por alguns dos jovens podia ler-se um resumo dos problemas enunciados: “Tentei arranjar quarto, rendas exorbitantes, não oferecem contrato, pedem duas ou três rendas”.

“É preciso investir, queremos camas para dormir” e “ Já não tenho paciência, deem-me uma residência”, foram as palavras de ordem na sessão, em que uma aluna que disse ser do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas afirmou que a mãe teria de trabalhar 16 horas por dia para ela poder residir em Lisboa e acabar o curso.

Outro estudante exibia um cartaz referindo que teve de abandonar o curso por falta de condições de alojamento.

Na sessão, dirigentes da JCP criticaram a falta de respostas públicas de alojamento estudantil como uma “barreira de classe” e condenaram o “caminho de elitização do ensino superior”, pelo qual responsabilizaram o Governo.

Depois de assistir à representação, Paulo Raimundo fez uma intervenção em que lembrou a promessa do Governo do PS que “há exatamente cinco anos, sete meses e 14 dias” anunciou que “iria abrir aqui mesmo uma residência com 600 camas”.

Paulo Raimundo sublinhou depois que há 120 mil estudantes do Ensino Superior deslocados e apenas 15 mil camas em residências públicas: “As contas até são fáceis de fazer”, disse, criticando também PS, PSD e CDS na Câmara Municipal de Lisboa por porem “grãos de areia na engrenagem” do licenciamento daquele projeto.

Recusando “populismos ou demagogias”, Paulo Raimundo ironizou com o anúncio feito pelo primeiro-ministro sobre a criação de “54 novas camas” numa residência. “Já só faltam 104.946 camas”, disse o secretário-geral do PCP.

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