Exclusivo. PCP garante que é contra a guerra e que anda "há mais de 3.000 dias" a alertar para o conflito na Ucrânia

14 nov 2022, 23:56

Paulo Raimundo explicou porque é que a visão "simples e complexa" do partido foi mal interpretada e não considera que a Rússia seja o único país, ou entidade, responsável por este problema

Desde o início da guerra na Ucrânia que as posições do PCP têm sido fortemente criticadas. Aliás, foi o único partido com representação parlamentar que votou contra o apoio ao estatuto de candidato à União Europeia da Ucrânia. Jerónimo de Sousa chegou a dizer que as sanções eram "um grande negócio" e acusou a NATO de ter como objetivo afirmar-se "como ‘organização global’ de caráter ofensivo"

Envoltos em tantas polémicas e acusações, o recém eleito secretário-geral do PCP admitiu, em entrevista exclusiva à CNN Portugal, que a posição do partido "é simultaneamente simples e complexa" e explicou porquê. 

"É simples porque somos contra a guerra, seja ela qual for. A guerra não é solução para nada. Basta ver os milhares de mortos, os refugiados, a destruição. E complexa porque, e talvez sejam perigosos os tempos, onde quem defende a paz é prejudicado por esse ato. Nós defendemos a paz desde o primeiro minuto e condenamos a guerra em todos os momentos que ela teve."

Ainda assim, mesmo depois deste esclarecimento, Paulo Raimundo considera que aquilo que provocou mais confusão na esfera pública foi o facto de o PCP não olhar para esta guerra como um problema de agora, mas sim de 2014.

"Talvez a grande diferença, que tenha causado algum equívoco e confusão, é que nós olhamos para este problema, primeiro como um conflito que não se iniciou a 24 de fevereiro, tem antecedentes complexos e exigente, chamámos à atenção para isso logo em maio de 2014. E depois porque olhamos para o que se está a passar partindo da ideia de que há um conflito que está para lá da Ucrânia." 

Questionado sobre se o PCP não consegue condenar a Rússia pela invasão de um país soberano, Paulo Raimundo assegurou: "Nós condenámos a Rússia nos termos que achámos que devíamos condenar", mas não como o único país responsável pela guerra.

"Não condenámos isoladamente aquele ato porque fez parte de um conjunto mais alargado de acontecimentos para os quais temos vindo a alertar. (…) Nós há mais de 3.000 dias que andamos a alertar para este problema. Portanto, há mais de 100 meses", reforçou. 

O PCP, pelo menos durante o legado de Jerónimo de Sousa, sempre defendeu que a escalada do conflito se devia às sanções impostas pelos Estados Unidos, União Europeia e NATO - com a cumplicidade do Governo de António Costa - e que isso contribuiu para que o mundo fosse arrastado para uma espiral de inflação que agravou mais ainda o panorama económico e social.

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