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Paulo Portas: Putin atacou a Ucrânia porque "sabia que a Europa não tinha capacidade de defesa para lhe fazer frente"

21 nov 2022, 13:20

Na ótica de Paulo Portas, um dos motivos pelo qual Vladimir Putin atacou a Ucrânia foi porque a Europa "não tinha capacidade de defesa para lhe poder fazer frente"

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, destacou que a covid-19 e a guerra na Ucrânia revelaram que “o mundo está longe de um sistema internacional de gestão de crises”, disse em declarações na CNN Portugal Summit.

Para o também comentador político, a guerra na Ucrânia demonstrou que não existe paz sem defesa e destacou que a NATO ganhou a guerra fria “sem disparar um tiro” pois era forte para dissuadir o conflito. O atual conflito provou que o solo europeu não está imune a ameaças militares, ou nucleares, mas demonstrou também que o vínculo transatlântico entre os EUA e a Europa é “muito grande”, acrescentou.

Paulo Portas defendeu que uma das razões pela qual o presidente russo, Vladimir Putin, atacou o território ucraniano foi porque “ele sabia que a Europa não tinha capacidade de defesa para lhe fazer frente”. O antigo MNE criticou a forma como a Europa paga pela energia ao tesouro da Rússia, financia as armas de Zelensky, e pede segurança aos EUA.

A principal diferença entre os EUA e a Europa reside, de acordo com Paulo Portas, precisamente na questão da segurança, pois enquanto nos EUA os candidatos presidenciais perdem as eleições se não investirem em segurança, na Europa, “um candidato que se foque no orçamento de segurança, perde as eleições”.

“Europeus querem viver no melhor dos dois mundos, ter segurança, e não pagar pela mesma”, critica o antigo MNE, acrescentando que a guerra veio acabar com a ideia de que “a NATO está cerebralmente morta”. Pelo contrário, ressalva, sem esta a Europa não tem qualquer garantia de segurança.

Paulo Portas recordou ainda que a NATO vai ter em breve mais membros, o que significa que com a guerra na Ucrânia, Vladimir Putin conseguiu uma NATO mais forte, “com mais orçamento, mais soldados, com mais equipamentos e com mais membros”.

O antigo vice-presidente salientou que tanto a energia, como os cereais, “são uma categoria geopolítica desde que o mundo é mundo”. Neste sentido, a Europa só será independente de um ponto de vista energético quando conseguir produzir “energia limpa” em território próprio, pelo que isto não só é “essencial” como “urgente”, sublinhou Paulo Portas.

"A meu ver, o mix energético que nasce desta horrível consciência da dependência russa vai acelerar o investimento em renováveis, vai acelerar a construção de infraestruturas para o gás natural liquefeito (LNG), vai dar uma oportunidade ao hidrogénio e vai recuperar a parte do nuclear, olhando para os pequenos reatores nucleares”, esclareceu.

Paulo Portas advertiu ainda para um risco, não de “desglobalização, mas de fragmentação”, ou “a divisão da globalização por fragmentos políticos”, e admitiu não ter uma visão tão otimista em relação ao fim da guerra, como a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

"Tenho uma visão menos otimista. Para saber em que momento simultâneo a Rússia e a Ucrânia aceitarão negociações de paz, a Europa é parte auxiliar, mas não parte determinante. Não o é pela vulnerabilidade de energia", concluiu.

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