No espaço de comentário semanal, Paulo Portas analisou a relação entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas e a polémica com o novo aeroporto
Paulo Portas sugeriu este domingo que António Costa decidiu manter Pedro Nuno Santos no Governo por causa do seu peso partidário no Partido Socialista.
No habitual espaço de comentário na TVI (órgão do mesmo grupo da CNN Portugal), o comentador questionou porque é que o ministro das Infraestruturas permaneceu no Governo, apesar da mais recente polémica com o novo aeroporto. E respondeu: "Posso estar enganado, mas eu acho que Pedro Nuno Santos tem um poder significativo dentro do Partido Socialista"
Além disso, Paulo Portas referiu que, num "cenário extremo" em que a colisão entre Pedro Nuno Santos e António Costa acontecesse, não se espantaria "que um dia ele causasse uma cisão no partido". E isso tem uma "consequência": "António Costa perderia a maioria absoluta, porque certamente teria reflexos no Parlamento".
"Face à prudência de António Costa - que não quer perder a maioria - e porque o plano A de Pedro Nuno Santos é liderar o PS e não fazer uma cisão, ficaram neste equilíbrio instável. Mas eu acho que isto é uma rotura a crédito como toda a gente percebeu", afirmou o comentador.
Paulo Portas apontou ainda que se o que se passou fosse um problema de comunicação, o país teria de concluir pelo menos duas coisas: "Que o primeiro-ministro não sabe que os ministros andam a fazer" e que "há um ministro que não consegue perceber o que o primeiro-ministro quer", sugerindo logo de seguida: "Curiosamente o ministro que quer suceder ao primeiro-ministro mais cedo ou mais tarde".
No mesmo sentido, o comentador da TVI considerou que o ministro das Infraestruturas "quis criar um facto consumado que excedia o mandato que ele tinha". "Não é preciso tirar uma cátedra para perceber estas duas frases: "Negociarei com o novo líder do PSD" e "É preciso que o Presidente da República seja informado".
"Se se diz qual é a solução antes da eleição do novo líder do PSD, isso significa não respeitar a frase do primeiro-ministro do Governo", disse Portas que acrescentou: "Penso que o próprio primeiro-ministro não estaria a par".
O especialista considerou também que esta não é apenas uma questão de comunicação, mas sim de "substância". "E o que me aflige neste debate, é ninguém explicar às pessoas - para elas poderem fazer o seu juízo - quais são os custos de cada uma das opções, o calendário em que cada uma delas é possível e se isso resolve, ou não, o nosso problema de ter infraestruturas aeroportuárias que sejam economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e que gerem suficiente consenso".
"A meu ver, o ministro das Infraestruturas quis fazer ao mesmo tempo três coisas: todas elas com um custo", concluiu.