Nesta edição de Global, no Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), Paulo Portas analisa a eleição do novo Papa, o erro estratégico de Donald Trump e o aumento significativo do salário médio português.
Paulo Portas acredita que o presidente norte-americano Donald Trump está a começar a desistir de abandonar a Ucrânia, depois de ter insistido numa "ideia cândida, ingénua e bastante amadora" de que os Estados Unidos poderia conseguir convencer Vladimir Putin a abandonar a China, se cedessem à Rússia na Ucrânia.
"Trump fez o caminho para abandonar a Ucrânia, que agora está parcialmente a retroceder, em nome de uma ideia cândida, ingénua e bastante amadora de que, ao ceder à Rússia, conseguiria convencer Putin a divorciar a Rússia da China. O comércio da Rússia com a China é 46 vezes superior ao comércio com os EUA. O que a Rússia tem para dar interessa à China e não interessa muito aos EUA", afirma o comentador.
O encontro do líder russo com o homólogo chinês, em Moscovo, durante as cerimónias do Dia da Vitória, onde participaram militares chineses dos três ramos, cimentam a ideia de que a aliança entre os dois veio para ficar. "Xi Jinping já fez 11 visitas à Rússia desde que é presidente e fez 40 encontros bilaterais", insiste Portas.
Pouco depois do encontro entre Xi Jinping e Vladimir Putin, o presidente russo deu uma conferência de imprensa à uma da madrugada, onde abriu a porta a negociações diretas com a Ucrânia sem precondições, em Istambul. Zelensky respondeu e disse que o primeiro passo para isso seria o começar do cessar-fogo incondicional já esta segunda-feira. Para Paulo Portas, esse cenário já não é tão improvável quanto isso.
"Não há uma discordância tão total como é costume para que haja um cessar-fogo incondicional para que as negociações comecem", refere o comentador.
Um dos principais temas em análise esta semana foi a eleição do cardeal Robert Prevost para suceder o Papa Francisco. Paulo Portas confessou ter ficado "muito impressionado" com a escolha dos cardeais, que aparenta ter sido "consensual" e que confirma que a Igreja "continua a sua viagem".
"[A Igreja] saiu da Europa para a América do Sul e agora vai para a América do Norte, com uma relação especial com o Peru. Este Papa parece representar o melhor da ideia do ocidente. Pai francês, mãe espanhola, imigrantes em Chicago, nasceu americano, fez o seus estudos em escolas e universidades americanas e teve mais 20 anos de missionário no Peru", insiste Paulo Portas.
O comentador destaca ainda que esta eleição mostra que os cardeais que representam um sentido da história a antecipam. "Foi assim com João Paulo II, o papa polaco, quando o comunismo estava debilitado e viria a cair. Foi assim com Bento XVI, quando se estava a estabelecer alguma confusão doutrinária, um papa alemão. E foi assim com Francisco, essa marca de grande proximidade cruzando o atlântico pela primeira vez. Há uma certa ideia de incluir ou não perder a América do Norte", frisa.
O salário médio líquido português registou um aumento significativo. Paulo Portas explica porque é que esse aumento não é suficiente. "Um aumento de 150 euros custa à empresa 180, mas o trabalhador recebe 40. O resto vai para o estado", explica.