"É impossível ter um bombeiro atrás de cada pessoa." Governo diz que Proteção Civil funcionou e salienta que os cidadãos também têm um papel "fundamental"

14 dez 2022, 22:56

Secretária de Estado da Proteção Civil analisou a resposta dada perante os dois fenómenos de chuva extrema que atingiram o país na última semana

“Não temos, neste momento, razão para falar de falhas. O sistema de Proteção Civil funcionou, respondeu”. Foi desta forma que a secretária de Estado da Proteção Civil analisou os fenómenos extremos de chuva que atingiram grande parte do país, nomeadamente na Grande Lisboa e no Alentejo.

Em entrevista à CNN Portugal (do mesmo grupo da TVI), Patrícia Gaspar lembrou que “estivemos perante um fenómeno de extrema intensidade” que teve dois momentos distintos: um primeiro na semana passada, e que chegou a causar uma vítima mortal em Algés (lamentada “publicamente” pela responsável), e um segundo já esta semana, que causou grandes inundações em várias localidades. Foram também registados milhões de euros em prejuízos.

Questionada sobre a possibilidade de falhas na resposta às condições meteorológicas, Patrícia Gaspar lembrou que se trataram de fenómenos naturais imprevisíveis, ainda que admitindo que poderia ter havido uma mitigação do impacto.

“Há 20, 30 anos, não havia o conhecimento que hoje há sobre as vulnerabilidades que os nossos meios urbanos têm perante estes eventos”, sublinhou, falando num desafio "geracional" de adaptação perante este tipo de erros, nomeadamente preparando os territórios para enfrentar fenómenos inevitáveis.

“É um desafio de geração. Nem aqui, nem em nenhum país do mundo, esta readaptação consegue ser feita em dois ou três anos”, apontou, recusando indicar um período de tempo para essa transição, que também deverá ser feita com “consciência coletiva”. “Felizmente as pessoas percebem que têm uma dimensão de responsabilização  na sua autoprotecção que é absolutamente fundamental. é impossível, seja nestes episódios, seja nos episódios por exemplo dos incêndios rurais, ter um bombeiro à porta de cada casa ou um bombeiro atrás de cada pessoa.”

Duas escalas completamente diferentes

“Perante as informações que o sistema de Proteção Civil tinha, foram desencadeados todos os procedimentos possíveis”, garantiu Patrícia Gaspar, lembrando os avisos dados às populações, nomeadamente através do envio de SMS.

No caso concreto do primeiro fenómeno extremo, Patrícia Gaspar argumentou que se tratou de uma situação de pequena escala, pelo que foi muito mais complicada de prever. Por isso mesmo, defendeu, existiu menos tempo para perceber o real impacto.

"A perceção real não foi possível tê-la mais cedo e não foi possível desencadear medidas preventivas que neste segundo episódio já foram possíveis", explica, referindo-se ao encerramento de túneis na cidade de Lisboa, algo que não aconteceu na semana passada e levou a algumas situações problemáticas.

“Desde a questão de saber onde posso ou não construir à da definição dos planos de ordenamento de território”, enumerou, salientando uma convergência que deve ser global no combate a este tipo de situações.

Sobre o que pode vir a mudar, a secretária de Estado pediu uma aposta na prevenção e não na resposta, antecipando assim a minimização dos efeitos de fenómenos que não se podem evitar, e que tendem a ser cada vez mais extremos e a acontecer com mais frequência.

Relacionados

Governo

Mais Governo

Patrocinados