Patrícia Araújo foi ao Carnaval de Notting Hill sozinha. A última vez que foi vista foi no domingo
O telemóvel foi encontrado e a família contactada, mas de Patrícia Araújo nem sinal. A jovem aveirense, de 26 anos, emigrada em Inglaterra há seis anos, decidiu ir sozinha até ao Carnaval de Notting Hill - uma festa de três dias em Notting Hill, bairro de Londres - e, desde domingo, que ninguém sabe nada dela.
Nas redes sociais, os apelos multiplicam-se. Cláudia Araújo, tia de Patrícia, revela no Facebook que não sabem "nada sobre ela desde domingo de manhã e, para piorar as coisas, ela perdeu o telemóvel. O que significa que não temos qualquer forma de a contactar".
"A última vez que foi vista foi provavelmente no Carnaval de Notting Hill, em Londres, no fim de semana. Se alguém a viu ou sabe alguma coisa sobre ela, por favor contacte-me no Facebook. A polícia já está envolvida, esperamos encontrá-la sã e salva", lê-se ainda na publicação.
Em entrevista à CNN Portugal, Cláudia começa por contar que,antes de ir para Londres, a sobrinha saiu à noite em Ashford, Kent, onde reside e só depois seguiu para a capital com uma mochila com uma muda de roupa e foi ter com a prima, Yara, que vive em Londres.
"Eu não sei se ela foi a casa ou não, mas eu sei que ela tinha uma mochila com uma muda de roupa, porque ela no sábado foi para Londres e saiu em Stratford, na estação de comboios, e ligou à minha sobrinha - que é a prima dela e mora em Londres - e perguntou-lhe se ela estava por casa e se podia passar lá. Claro que ela disse que sim. Então ela foi lá e mudou de roupa e deixou lá o saco com a outra roupa que ela tinha. E a minha sobrinha perguntou-lhe o porquê dela ter ido até lá sozinha", conta a tia de Patrícia.
Foi então que a jovem revelou que estava a pensar em ir ao Carnaval e que a prima a tentou demover, convidando-a para sair à noite consigo em Londres. Mas, a meio da noite, Patrícia "foi-se embora" e só avisou a prima depois.
Na manhã de domingo, Yara conseguiu falar com a prima por volta do meio-dia e descobriu que Patrícia - ou Trish, como é chamada em Inglaterra - estava no Carnaval de Nothing Hill, a divertir-se, tendo resistido aos apelos da prima para que voltasse para casa.
"Não, estou a divertir-me, por isso vou ficar por aqui. Vejo-te logo à noite para ir buscar as minhas coisas", ter-lhe-à dito a jovem.
Mas Patrícia nunca apareceu. O telefone da jovem viria a ser encontrado por um DJ no domingo, mas a família só teve noção do que se passava na terça-feira, altura em que o DJ colocou o telemóvel a carregar e ligou para Yara, que "entrou em pânico".
"Ligou para mim, ligou para a minha irmã, e perguntou 'O que é que fazemos? Aconteceu isto, isto e isto, não sei nada da Patrícia, estou preocupada, muita coisa vai acontecer no Carnaval, o que é que eu faço?' E nós dissemos-lhe para contactar a polícia de Londres", conta Cláudia, dizendo que a polícia lhes disse que "como tínhamos estado em contacto com ela no domingo, ao meio-dia, que tínhamos de esperar até quarta-feira para fazer o relatório de desaparecimento".
O alerta oficial para o desaparecimento de Patrícia foi dado, então, na quarta-feira, dia em que a família foi para Londres para distribuir panfletos pelas estações de comboio e de autocarro. Ao mesmo tempo, nas redes sociais, familiares e amigos multiplicavam os apelos e houve quem respondesse que tinha visto Patrícia no Carnaval.
"Houve uma rapariga, que estava no Carnaval, que viu a minha sobrinha, e por acaso tinha um vídeo em que ela aparecia. Ela só disse que ela viu no TikTok que ela estava desaparecida. A rapariga confirmou que ela estava sozinha e parecia meio desorientada. As imagens que nós temos da roupa que ela está a usar, são realmente desta rapariga, do vídeo que ela fez. E, pronto, não sabemos mais nada", revela Cláudia, acrescentando que a sobrinha não ia a Londres há um ano e que nunca tinha ido ao Carnaval.
O telemóvel da jovem, entretanto entregue à família, foi levado pela polícia. As autoridades interrogaram ainda os familiares de Patrícia.
Contactada pela CNN Portugal, fonte da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas diz que "até ao momento, ainda não foi contactada, estando agora a fazer diligências para perceber a situação".
De acordo com a polícia metropolitana de Londres, citada pela BBC News, cinco pessoas foram esfaqueadas na segunda-feira e três no domingo. Algumas das vítimas ficaram em estado muito grave e em risco de vida. No total, foram detidas 334 pessoas ao longo dos três dias.
Centenas de milhares de pessoas encheram as ruas de Londres para o carnaval, enchendo o bairro de Notting Hill e os distritos vizinhos de cores, fantasias, dança e música.