São 20 mulheres e 24 homens que, pela primeira vez, vão estar sentados na Assembleia da República. O Chega é o que tem mais estreantes, incluindo uma enfermeira que trabalha no hospital onde Ventura fez o cateterismo. PSD e PS vão ter novos advogados, farmacêuticos e ainda muitos militantes vindos das máquinas partidárias. No Livre e na Iniciativa Liberal também há caras novas e há até um novo partido vindo da Madeira
Numa legislatura que promete ser combativa, há 44 estreantes na Assembleia da República: 15 estarão na bancada do Chega, 12 na do PSD, outros 12 na do PS, 3 no grupo da Iniciativa Liberal, 1 do Livre e ainda o líder do Juntos Pelo Povo - o partido que também se vai estrear no parlamento nacional.
Entre os estreantes da bancada de André Ventura estão muitos dos assessores do partido, mas também, empresários, veterinários, advogados e até enfermeiras, entre outros. Uma das novas deputadas do Chega é Cláudia Sofia Estêvão, uma enfermeira do serviço de cardiologia do Hospital de Setúbal, onde André Ventura fez há dias o seu cateterismo. Naquele dia, porém, a agora nova deputada estava de folga numa arruada do partido, mas os seus colegas foram sempre colocando-a ao corrente da situação.
Entre os novos deputados está também um empresário João Lopes Aleixo, de 52 que se formou em gestão pela Universidade Católica, frequentou a Nova School of Business, praticou rugby, dirigiu multinacionais e esteve no mercado do imobiliário e de luxo. Entre as suas novas colegas de bancadas está Catarina Salgueiro, uma advogada de Almeirim e irmã do Cavaleiro João Salgueiro.
Para o mesmo grupo parlamentar entrará José Dotti, ex-cunhado de Catarina Salgueiro. Dos Açores estreia-se o veterinário Francisco Lima - eleito pelo mesmo círculo onde o Chega no ano passado colocou Miguel Arruda, que, depois de ser apanhado na polémica das malas do aeroporto, foi afastado do partido. De resto, entre alguns dos outros deputados que se vão estrear estão muitos dos assessores do Chega nos últimos anos. É o caso de Paulo Seco, que foi assessor parlamentar do partido desde 2022, e de Patrícia Almeida, licenciada em Administração Pública, e que após ser assessora se tornou vice-presidente da distrital de Lisboa. Mas também de Rui Miguel Cardoso, que foi assessor parlamentar, depois de ter feito um estágio como professor de História, e do jovem de 25 anos Ricardo Lopes Reis, que começou a assessorar o partido em 2024 e arranjou logo uma polémica na rede social X (antigo Twitter) ao referir-se à morte de Odair Moniz como “menos um criminoso…menos um eleitor do Bloco”.
Advogados, farmacêuticos e presidentes de Câmara: as novas apostas da AD
É da máquina do partido que vêm praticamente todos os novos deputados da bancada dos sociais-democratas: três presidentes de Câmara, vários outros elementos do poder local e, também, alguns jovens da estrutura social-democrata.
Há, entre os estreantes, também especialistas em áreas como relações internacionais, defesa e direito bancário, como Francisco Figueira. O antigo vogal do Conselho Geral da Ordem dos Advogados foi durante três anos o chefe de gabinete do Grupo Parlamentar do PSD. Sai agora dos bastidores para a linha da frente do combate político. Na lista, surge também como estreante a ainda secretária de Estado da Defesa, Ana Marques Xavier, que, caso seja de novo incluída no Executivo de Montenegro, pode nem sequer chegar a aquecer o lugar. Aliás, esta situação pode ocorrer com alguns destes estreantes que, por várias circunstâncias, podem nunca chegar a ocupar o lugar de deputado.
Na maior bancada da Assembleia da República, vão juntar-se também três presidentes de Câmara, incluindo Fernando Eirão Queiroga, o presidente da Câmara Municipal de Boticas que, por já ter cumprido três mandatos, não podia recandidatar-se a autarca daquele município. Mas também Ricardo Aires, autarca de Vila de Rei, e João Esteves, que renunciou ao cargo de presidente da Câmara de Arcos de Valdevez para assumir um lugar no Parlamento, são estreantes nesta legislatura. Não são os únicos a vir das estruturas locais: Rui Rocha Pereira, líder do PSD de Gaia, Sofia Fernandes, farmacêutica e vereadora em Vila Nova de Famalicão, ou Bárbara Correia, deputada municipal em Loulé de 32 anos e antiga presidente da JSD do Algarve, são exemplos disso.
Entre os mais jovens está também o atual líder da Juventude Social-Democrata, João Pedro Louro. Tem 30 anos, é filho do ex-presidente do PSD de Alcochete e até agora trabalhava nos CTT como Product Manager: é licenciado em Ciência Política Ciência Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. No último ano, referiu ter sido apanhado de surpresa por notícias que deram conta de que o seu avô viveu durante décadas numa casa sem luz e no meio de lixo e de ratazanas.
Rapper do PS estreia-se no Parlamento
‘Rapdiva’. É assim que é conhecida Eva Alexandre para o público em geral. Luso-angolana de 36 anos, é uma dos 12 deputados que se estreiam na bancada do PS, mas ao contrário de grande parte dos seus colegas de assento parlamentar, a sua eleição marca a estreia na política. A nova deputada foi eleita por Lisboa e é conhecida por temas como “final feliz” ou “um assobio meu”. Em 2022, publicou um vídeo onde se posicionou sobre a invasão da Ucrânia deste modo: "Eu sou africana, ‘tou-me a cagar para a guerra na Ucrânia. Esses gajos que se matem como nós nos matamos. Eles não se importam connosco, então, nós não nos importamos."
Além de Eva Alexandre, no PS estreiam-se também uma série de ex-presidentes de Câmara e líderes de Jotas, como Sofia Pereira. A jovem de 25 anos, natural de Lamego e licenciada Comércio e Relações Económicas Internacionais foi eleita para o cargo do partido este ano e é militante socialista desde os 15 anos.
Outro dos estreantes no Parlamento, mas não da vida política ativa, é Fernando Araújo, que foi nomeado por António Costa para o cargo de primeiro diretor-executivo do SNS. Acabou por se demitir no ano passado em confronto com a ministra da Saúde Ana Paula Martins. Antes, já tinha sido secretário de Estado adjunto e da Saúde, quando Adalberto Campos Fernandes era o ministro da Saúde, em 2015.
Há também vários autarcas que, ao aproximar-se do fim do mandato, suspenderam o seu cargo para dar o ‘salto’ para a Assembleia da República pela primeira vez. É o caso, por exemplo, de Emanuel Câmara, antigo árbitro e jogador de futebol e atual autarca de Porto Moniz, na Madeira. Ou de Rui Santos, presidente da Câmara de Vila Real.
Liberais acrescentam fundadores, Livre traz deputada municipal e há um novo partido
Ao contrário do PS, outros dois partidos cresceram em número de deputados face à legislatura anterior e vão inaugurar no Parlamento caras novas. Na bancada da Iniciativa Liberal, de onde saiu Bernardo Blanco, entra agora uma outra fundadora do partido: Angélique Inês da Teresa. Natural de St. Denis, em França, é especialista em marketing e comunicação e tem sido um dos rostos por trás dos programas da IL para as legislativas e para as autárquicas, nomeadamente na temática da habitação.
A liberal vai partilhar a bancada com um dos antigos assessores do partido, Jorge Miguel Teixeira, que chegou a ser cabeça de lista à Câmara Municipal do Barreiro em 2017, quando tinha 23 anos. Hoje tem 31 e é analista de políticas públicas. Outra figura nova a entrar para o Parlamento é Miguel Rangel, de 49 anos, também ele fundador do partido.
Já no que toca ao Livre, o único partido da esquerda a crescer nas eleições de domingo, há uma estreante na bancada que passa agora a ter seis deputados. É Patrícia Serrano Gonçalves, que até agora foi deputada municipal do partido de Rui Tavares em Lisboa. Doutorada em Física, a professora universitária, de 54 anos, é mesmo uma das pessoas que o líder do partido escolhe frequentemente para o substituir na vereação da Câmara Municipal.
Há ainda outro estreante, Filipe Sousa, de 60 anos, que tal como Mariana Mortágua e Inês Sousa Real estará a representar o seu partido como deputado único. Mas no seu caso será a primeira vez que o seu partido estará na Assembleia da República. Filipe Sousa conseguiu que o JPP - Juntos Pelo Povo, um partido regional da Madeira conseguisse eleger um deputado. Em entrevista à CNN Portugal ni domingo disse que tinha como prioridade, entre outros assuntos, debater a questão da mobilidade aérea.
Veja a lista dos 44 estreantes no Parlamento
Aliança Democrática
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Sofia Fernandes, Braga
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Ricardo Barroso da Silva, Braga
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Ricardo Aires, Castelo Branco
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Francisco Figueira, Évora
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Barbara Correia, Faro
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João Pedro Louro, Lisboa
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Ana Isabel Marques Xavier, Lisboa
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Rui Rocha Pereira, Porto
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João Esteves, Viana do Castelo
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Maria Manuela Lopes, Viana do Castelo
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Fernando Eirão Queiroga, Vila Real
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Maria Lobos Menezes, Açores
Chega
- Pedro Miguel Tavares dos Santos, Aveiro
- Lina Maia Pinheiro, Braga
- Paulo Seco, Coimbra
- António Moreira, Faro
- Cristina Maria Vieira Henriques, Leiria
- Patrícia Almeida, Lisboa
- Rui Miguel Candeias Cardoso, Lisboa
- João Lopes Aleixo, Portalegre
- Patrícia Nascimento, Porto
- Idalina Costa, Porto
- José Dotti, Santarém
- Catarina Salgueiro, Santarém
- Cláudia Sofia Sebastião Estêvão, Setúbal
- Ricardo Lopes Reis, Setúbal
- Francisco Lima, Açores
Partido Socialista
- Sandra Maria Sousa Lopes, Braga
- Paulo Lopes Silva, Braga
- Aida Maria Oliveira Carvalho, Guarda
- Eva Marise Cruzeiro Alexandre, Lisboa
- Fernando Araújo, Porto
- Sofia Alexandra Correia Pereira, Lisboa
- Dalia Miranda Lopes Eira, Setúbal
- Humberto Fernando Leão Pacheco de Brito, Viana do Castelo
- Margarida Alexandre do Nascimento Afonso, Coimbra
- Rui Santos, Vila Real
- Emanuel Câmara, Madeira
Iniciativa Liberal
- Angélique Inês da Teresa, Lisboa
- Jorge Miguel Teixeira, Lisboa
- Miguel Rangel, Porto
Livre
- Patrícia Gonçalves, Lisboa
JPP - Juntos Pelo Povo
- Filipe Sousa, Madeira
