Eurodeputada socialista sublinha que "só fazia parte do quadro de honra" da organização Fight Impunity, cujo fundador foi detido por intervenção política no Parlamento Europeu em benefício de Catar e Marrocos
A vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili é a personalidade central entre os cinco detidos pelas autoridades belgas por suspeita de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro - mas não é a única figura de revelo do panorama político europeu envolvida no escândalo.
Pier Antonio Panzeri, antigo eurodeputado de esquerda e fundador da organização Fight Impunity, foi detido por "intervir politicamente com membros que trabalham no Parlamento Europeu, em benefício de Catar e de Marrocos", de acordo com um mandado de detenção a que o jornal Politico teve acesso. A mulher e filha foram também detidas em Itália, por suspeita de cumplicidade nestes crimes.
Na sequência das acusações, vários membros do conselho da Fight Impunity - fundada em 2019 por Panzeri com a missão de "promover a luta contra a impunidade por violações graves dos direitos humanos e crimes contra a humanidade" - optaram por abandonar os seus cargos.
Entre estes nomes, inclui-se um português: o de Isabel Santos, deputada eleita pelo Partido Socialista (PS) ao Parlamento Europeu. Contactada pela CNN Portugal, a eurodeputada socialista assume-se "preocupada e consternada" com as acusações imputadas a Panzeri, mas demarca-se firmemente das polémicas em torno da organização. "Só fazia parte do quadro de honra, que nada tem que ver com resoluções executivas", reforça Isabel Santos.
Acrescenta, porém: "O que posso dizer é que fui uma das signatárias da resolução que acusa o Catar e que foi aprovada na última reunião plenária". Refere-se a uma resolução aprovada em Estrasburgo a 24 de novembro, em que o Parlamento Europeu considera que o Catar ganhou o processo de concurso do Mundial da FIFA "num contexto de alegações credíveis de subornos e corrupção" e condena o desrespeito pelos "direitos humanos de todas as pessoas" no país - em particular no que concerne aos trabalhadores migrantes, às mulheres, e aos casais do mesmo sexo.
Ao assinar esta resolução, a posição de Isabel Santos face à detenção de Antonio Panzeri torna-se "clara". "Não tenho nada que ver com este assunto", garante, acrescentando ainda "não [fazer] a menor ideia" quanto às possíveis perspetivas de futuro da organização.
“Sobre a instituição, não tenho mais nada a comentar. É um assunto que está em investigação, e eu não comento investigações judiciais”, finaliza.