Isabel Santos abandona cargo em ONG envolvida no escândalo de corrupção do Parlamento Europeu. "Não tenho nada que ver com este assunto"

12 dez 2022, 20:30
Eurodeputada do PS Isabel Santos

Eurodeputada socialista sublinha que "só fazia parte do quadro de honra" da organização Fight Impunity, cujo fundador foi detido por intervenção política no Parlamento Europeu em benefício de Catar e Marrocos

A vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili é a personalidade central entre os cinco detidos pelas autoridades belgas por suspeita de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro - mas não é a única figura de revelo do panorama político europeu envolvida no escândalo. 

Pier Antonio Panzeri, antigo eurodeputado de esquerda e fundador da organização Fight Impunity, foi detido por "intervir politicamente com membros que trabalham no Parlamento Europeu, em benefício de Catar e de Marrocos", de acordo com um mandado de detenção a que o jornal Politico teve acesso. A mulher e filha foram também detidas em Itália, por suspeita de cumplicidade nestes crimes. 

Na sequência das acusações, vários membros do conselho da Fight Impunity - fundada em 2019 por Panzeri com a missão de "promover a luta contra a impunidade por violações graves dos direitos humanos e crimes contra a humanidade" - optaram por abandonar os seus cargos. 

Entre estes nomes, inclui-se um português: o de Isabel Santos, deputada eleita pelo Partido Socialista (PS) ao Parlamento Europeu. Contactada pela CNN Portugal, a eurodeputada socialista assume-se "preocupada e consternada" com as acusações imputadas a Panzeri, mas demarca-se firmemente das polémicas em torno da organização. "Só fazia parte do quadro de honra, que nada tem que ver com resoluções executivas", reforça Isabel Santos. 

Acrescenta, porém: "O que posso dizer é que fui uma das signatárias da resolução que acusa o Catar e que foi aprovada na última reunião plenária". Refere-se a uma resolução aprovada em Estrasburgo a 24 de novembro, em que o Parlamento Europeu considera que o Catar ganhou o processo de concurso do Mundial da FIFA "num contexto de alegações credíveis de subornos e corrupção" e condena o desrespeito pelos "direitos humanos de todas as pessoas" no país - em particular no que concerne aos trabalhadores migrantes, às mulheres, e aos casais do mesmo sexo. 

Ao assinar esta resolução, a posição de Isabel Santos face à detenção de Antonio Panzeri torna-se "clara". "Não tenho nada que ver com este assunto", garante, acrescentando ainda "não [fazer] a menor ideia" quanto às possíveis perspetivas de futuro da organização. 

“Sobre a instituição, não tenho mais nada a comentar. É um assunto que está em investigação, e eu não comento investigações judiciais”, finaliza. 

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