Paris2024: Federação de boxe insiste que «Khelif e Yu-ting são homens»

5 ago, 21:32
Imane Khelif (Foto: EPA)

Comité Olímpico refuta acusações e sai em defesa das duas pugilistas

A Associação Internacional de Boxe (IBA), excluída do movimento olímpico, insistiu esta segunda-feira que as lutadoras Imane Khelif e Lin Yu-ting são homens, quando as duas estão apuradas para as meias-finais nos Jogos Olímpicos Paris2024.

Excluídas pela IBA dos Mundiais de 2023, com base em testes que nunca divulgaram, a argelina Khelif, que compete em -66 kg, e a taiwanesa Yu-ting, em -57 kg, são agora alvo de novo ataque do presidente daquela instituição, o empresário russo Umar Kremlev.

Segundo este, o médico grego Ioannis Filippatos, antigo diretor da comissão médica da IBA, detetou «anomalias» em 2022, que estiveram na base dos novos testes, um para testosterona e outro ao cariótipo, um estudo de cromossomas.

«O resultado médico dos testes sanguíneos, e isto dizem os laboratórios, mostra que estas duas pugilistas são homens», declarou Filippatos, sem dar quaisquer detalhes adicionais a esta acusação.

De resto, o Comité Olímpico Internacional (COI) refuta por completo estas decisões «arbitrárias» por parte da IBA, que anunciou que recompensaria uma das lutadoras derrotadas por Khelif, e tem insistido que este é um não-assunto.

«Imane Khelif nasceu mulher, está registada como mulher, vive como mulher e luta como mulher», declarou o porta-voz do COI, Mark Adams.

Khelif garantiu já uma medalha nos Jogos Paris2024, ao apurar-se para as meias-finais da categoria de -66 kg, numa modalidade que atribui dois bronzes, assim como Yu-ting.

As duas enfrentaram escrutínio internacional depois de terem sido banidas do mundial de 2023 pela IBA, entidade reguladora excluída do olimpismo pelo COI, e na qual competiram desde sempre, e que nunca apresentou dados concretos para justificar a sua nova decisão, alicerçada em supostos níveis elevados de testosterona.

No domingo, Khelif recusou responder quando questionada se tinha sido submetida pela IBA a outros exames além dos testes antidoping, dizendo que não queria falar sobre o assunto.

A atleta, que hoje pediu que «o bullying» parasse, expressou gratidão ao COI e a Thomas Bach por a terem apoiado: «Sei que o Comité Olímpico me fez justiça e estou feliz com esta solução porque mostra a verdade».

Esta situação tem sido mesmo das mais polémicas de Paris2024, com os debates nas redes sociais, nos quais até já participam, entre outros, o antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a escritora J.K. Rowling, ou a primeira-ministra italiana, Geórgia Meloni.

«Vamos ser muito claros aqui: estamos a falar sobre boxe feminino. Temos duas pugilistas que nasceram mulheres, que foram criadas como mulheres, que têm passaporte de mulher e que competem há muitos anos como mulheres. E esta é a definição clara de mulher. Nunca houve qualquer dúvida sobre elas serem mulheres», defendeu no sábado o presidente do COI, Thomas Bach.

 

 

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