CEO do Twitter dá o exemplo e tira "algumas semanas" de licença de paternidade

17 fev 2022, 11:51
Parag Agrawal com a mulher, Vineeta Agarwala (Twitter)

É um dos rostos mais importantes da tecnologia mundial e tomou a decisão menos de três meses após assumir o cargo. Antes dele, Mark Zuckerberg ou Pete Buttigieg também quiseram dar o exemplo

O novo diretor-executivo do Twitter decidiu "tirar umas semanas" do trabalho para gozar uma licença paternal, depois do nascimento do seu segundo filho. Aos 37 anos, Parag Agrawal é um dos maiores rostos da tecnologia mundial, depois de ter assumido a direção da rede social em novembro passado, na sequência da saída do fundador Jack Dorsey. Agora toma uma atitude que está a ser vista como um passo para a normalização das licenças parentais para homens.

"No Twitter, encorajamos e apoiamos totalmente os funcionários que tirem uma licença paternal da forma que for melhor para cada pessoa", afirmou a diretora de comunicação da empresa, Laura Yagerman, em declarações ao Washington Post.

De acordo com a responsável, a decisão foi "pessoal", sendo que a empresa desenhou um programa "personalizável" que pode "flexibilizar" a baixa até 20 semanas.

A decisão de Parag Agrawal está a ser vista como um grande exemplo entre pais e colegas de trabalho. Isso foi deixado claro pelo diretor financeiro, Ned Segal, que utilizou a rede social para se exprimir: "Agradeço ao Parag Agrawal por liderar pelo exemplo e tirar a licença paternal. Desejava que os líderes fizessem isto quando estava no meu início de carreira e ia ser pai", escreveu.

Também Brenden Lee, do departamento de comunicações do Twitter, escreveu um post no LinkedIn a enaltecer o caso: "Orgulhoso que o twitter e o nosso diretor-executivo Parag Agrawal estejam na vanguarda, assegurando a TODOS os pais que podem aproveitar uma altura especial para as suas famílias".

De acordo com o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, esta é, ainda, uma decisão pouco comum no país, onde os homens tiram menos de 10 dias de licença parental, ainda que a lei preveja este benefício para ambos os progenitores.

Os exemplos anteriores

Antes de Parag Agrawal, também Mark Zuckerberg e Alexis Ohanian, fundadores do Facebook e do Reddit, decidiram tirar licenças paternais. O atual diretor-executivo da Meta já gozou dessa possibilidade duas vezes, em 2015 e 2017, quando tirou dois meses de cada uma das vezes em que nasceram as suas duas filhas.

Para Alexis Ohanian, essa foi uma decisão crucial, até porque, em 2017, quando a mulher, a superestrela do ténis Serena Williams, deu à luz, houve algumas complicações associadas.

"A minha mulher teve uma gravidez difícil, e nesse cenário é vital. Ela estava a recuperar de várias cirurgias depois do parto da nossa filha. Quando estamos nessa situação em que temos um tremendo acesso e apoio, mesmo assim é difícil. Estou muito agradecido pelo facto de poder ter passado tempo, não só com o meu filho recém-nascido, mas também com a minha mulher. Isso foi indispensável", afirmou este ano, à CNN.

Ainda no domínio das gigantes tecnológicas, surge o exemplo do Spotify, que garante aos seus funcionários, homens ou mulheres, uma licença paternal de seis meses.

O exemplo chega ainda da política norte-americana, com o secretário de Estado dos Transportes, Pete Buttigieg (que chegou a ser candidato à Casa Branca nas primárias democratas) a ter tirado uma licença de paternidade no último outono. Na altura, o político enfrentou algumas críticas, o que o levou a dizer que a América ainda "tem muito que aprender" nesta matéria.

Sendo um Estado federado, os Estados Unidos têm diferentes formas de ver a matéria, que depende muito mais das decisões de cada estado do que do governo federal, que ainda não fez um plano nacional que preveja o pagamento de mães e pais durante a licença de paternidade.

A situação em Portugal

Em Portugal, e de acordo com o Código do Trabalho, um homem tem direito a uma "licença parental de 20 dias úteis, seguidos ou interpolados, nas seis semanas seguintes ao nascimento da criança, cinco dos quais gozados de modo consecutivo imediatamente a seguir a este".

Além disso, ambos os progenitores têm direito a uma licença parental de 120 ou 150 dias consecutivos, período que pode ser gozado de forma partilhada. Neste caso, o casal terá direito a 30 dias extra de licença, que podem ser divididos por ambos ou gozados apenas pelo pai.

Existe ainda a possibilidade de o pai gozar o período de licença de paternidade maior, caso a mãe não possa, por razões profissionais, por exemplo.

Em 2016, Pedro Nuno Santos, então secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, decidiu gozar da licença prevista na lei, e tirou três semanas de licença do Parlamento, sendo na altura substituído por Mariana Vieira da Silva. Mais tarde, acabaria por falar sobre o assunto, e, no Twitter, até disse que a decisão "foi óbvia", depois de uma entrevista à revista Sábado.

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