Após um mês detido, jornalista senegalês Pape Alé Niang foi libertado

Agência Lusa , AM
15 dez 2022, 06:10
Pape Alé Niang

Detenção do jornalista provocou uma onda de críticas às autoridades, por parte da imprensa e da sociedade civil

O jornalista Pape Alé Niang, crítico do governo, cuja detenção no Senegal durante mais de um mês mobilizou a profissão e os defensores dos direitos humanos, foi libertado na quarta-feira, de acordo com um dos seus advogados.

Pape Alé Niang "deixou a prisão após a administração prisional ter notificado a decisão do juiz" ordenando a sua libertação sob supervisão judicial, disse Ciré Clédor Ly, numa mensagem enviada à agência AFP.

Um juiz do tribunal de Dacar assinou a ordem de libertação provisória sob supervisão judicial, com a retirada do passaporte, a proibição de viajar e a comunicação do caso, prosseguiu o advogado.

Niang iniciou uma greve de fome a 2 de dezembro para protestar contra a sua prisão, que terminou na quarta-feira após a sua libertação, "mas ele está enfraquecido", indicou o seu advogado.

O jornalista foi transferido para uma clínica privada em Dacar na noite de sexta-feira para sábado, na sequência da deterioração da sua saúde, de acordo com a defesa. Foi libertado na terça-feira e levado de volta para a prisão, de acordo com a imprensa local.

Os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) saudaram a sua libertação na quarta-feira e apelaram às autoridades para que retirassem todas as acusações contra ele.

O editor do website de notícias online Dakar Matin foi detido a 6 de novembro e acusado três dias depois de "divulgar informações suscetíveis de prejudicar a defesa nacional", "ocultar documentos administrativos e militares" e "divulgar notícias falsas suscetíveis de desacreditar as instituições públicas".

De acordo com os sindicatos de imprensa, as autoridades acusaram Niang de divulgar mensagens confidenciais sobre os dispositivos de segurança em torno do interrogatório do principal opositor político, Ousmane Sonko, a 03 de novembro, num caso de alegada violação, e de ter apelado para que as pessoas saíssem à rua.

Estas mensagens foram amplamente partilhadas por outros nas redes sociais. Os investigadores e os advogados de Niang não disseram exatamente de que documentos o jornalista foi acusado.

A detenção do jornalista provocou uma onda de críticas às autoridades, por parte da imprensa e da sociedade civil. Muitas organizações de direitos humanos e a oposição têm apelado à sua libertação.

O Senegal ocupa o 73º lugar entre 180 países no último índice de liberdade de imprensa compilado pela RSF. O país já desceu 24 lugares desde 2021.

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