Sergio Alfieri conta que tinha estado com Francisco no sábado e até lhe tinha levado uma tarte do seu sabor favorito
O médico do Papa, revelou aos jornalistas italianos os últimos momentos de Francisco. Sergio Alfieri chefiou a equipa que tratou Francisco durante o internamento de várias semanas, por causa de uma pneumonia bilateral.
O médico disse que, na segunda-feira, o encontrou em coma, com os olhos abertos, mas que morreu rapidamente e sem sofrer dores significativas. De acordo com Sergio Alfieri, nada poderia ter sido feito para o salvar, já que se tratou de “um daqueles AVC's que, numa hora, levam-nos embora”.
Citado pelo Corriere della Sera, o médico diz que foi chamado às 05:30 de segunda-feira e chegou ao Vaticano 20 minutos depois. “Entrei nos seus aposentos e ele [Francisco] tinha os olhos abertos”, começou por contar.
“Verifiquei que não havia problemas respiratórios. Depois, tentei chamar pelo seu nome, mas ele não me respondeu. Não reagiu a estímulos, nem sequer a estímulos dolorosos. Nesse momento percebi que já nada havia a fazer. Estava em coma”, acrescenta.
De acordo com informação avançada pelo Vaticano o Papa Francisco morreu na sequência de um AVC inesperado que levou ao coma e a uma falência cardíaca irreversível.
Em declarações ao jornal La Repubblica, Sergio Alfieri revelou que alguns responsáveis sugeriram transportar o Papa de imediato para o hospital, mas que ele “teria morrido a caminho”. “Com uma TAC poderíamos ter feito um diagnóstico mais preciso, mas nada mais. Foi um daqueles AVC's que, numa hora, levam-nos embora”, reiterou.
O médico disse ainda que o Papa não ignorou os conselhos dos médicos para que repousasse, depois de mais de um mês internado. “Voltar ao trabalho fazia parte do tratamento e ele nunca se expôs a qualquer perigo”, disse Sergio Alfieri ao Corriere della Sera.
Alfieri contou ainda que tinha estado com o Papa no sábado anterior e lhe tinha levado uma tarte de um sabor de que gostava. Diz que, nesse dia, o Papa lhe disse: “Estou muito bem, voltei a trabalhar e gosto disso.”
“Sabíamos que ele queria continuar a ser Papa até ao último momento. Não nos desiludiu”, acrescentou.
Ao La Repubblica, Alfieri contou ainda que o Papa lhe confidenciou o desgosto que tinha sido para si não ter conseguido lavar os pés aos prisioneiros que visitou numa prisão de Roma, a 17 de abril. “‘Desta vez não consegui fazê-lo’, foi a última coisa que me disse”, revelou.
O Papa Francisco, de 88 anos, morreu na última segunda-feira, de manhã. O seu corpo está em câmara ardente, a ser velado por fiéis, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O funeral está marcado para as 09:00 do próximo sábado.