Boas notícias sobre a covid: o pico da sexta vaga já passou (mas há um dado perigoso)

27 mai 2022, 10:37
Covid-19 Portugal redes

Peritos da Faculdade de Ciências analisaram todos os dados e admitem que o pior já passou."Mas é preciso ter cuidado que estão aí os Santos Populares", avisa Manuel Carmo Gomes

A sexta vaga da Covid-19, que tem feito os números de infetados disparar e que levou muitas pessoas a regressarem ao hábito de usar máscara, já está em fase descendente. 

"O pico da sexta vaga já passou. Foi dia 20 de maio". A boa notícia é dada pelo epidemiologista Manuel Carmo Gomes, adiantando que nesse dia se atingiu uma média diária a sete dias de 27.570 casos, tendo-se desde aí verificado uma descida dos números.

O desacelerar desta nova vaga, em que a sublinhagem da Ómicron BA 5 se tornou dominante, estava já a dar sinais através do chamado Rt – valor que mede a velocidade de contágio e que quando se situa acima de 1 significa que está em crescimento. Desde dia 10 de maio que os especialistas verificaram que esse valor estava a descer. “Agora está nos 0,97”, nota Manuel Carmo Gomes. Ou seja, isso significa que 100 infetados contaminam menos de 100 pessoas.  O valor máximo de Rt foi de 1,25. “Agora estamos no 0,97, ou seja, abaixo de 1 que é o valor que indica que se começou a descer”, acrescenta.  

Tal como sucedeu com os casos, também o Rt deu sinais claros de que o pico foi dia 20, data em que se situou no 1,0 – meta abaixo da qual indica que o contágio está em queda.

De acordo com o epidemiologista, que integra a Comissão Nacional de Vacinação, há vários fatores que juntos permitem confirmar que o pico passou e que neste momento a tendência é de descida da sexta vaga.

A análise foi feita por Carmo Gomes e pelo matemático Manuel Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com base em dados partilhados pela Direção-geral de Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge. Assim, diz o especialista, além do número de casos e do Rt mostrarem que o pico foi naquela data, há outros fatores que o confirmaram: os internamentos em enfermaria desceram, a taxa de variação de casos diários começou a diminuir também e o cenário de queda de infeções está a alastrar-se a todas as idades. “Entre os 12 aos 59, a incidência da Covid-19 está já a descer. E nos mais velhos já se assiste a desacelerar de crescimento”, adianta.

Mais jovens com muitos casos na sexta vaga. Quase 80% das mortes foram idosos com mais de 80 anos

Segundo os dados da Faculdade de Ciências, esta sexta vaga foi liderada e lançada pela faixa etária dos 12 aos 24 anos, onde neste momento se assiste a uma “queda a pique” das infeções.

Já nos mais velhos, apesar de ainda não se estar a verificar o mesmo, tudo indica que é o caminho.  Os óbitos também parecem ter abrandado o ritmo, sendo que 78% das 32 mortes diárias foram de pessoas com mais de 80 anos. “Por isso recomendámos a antecipação da quarta dose”, explica.

É a junção da diminuição de casos, da descida do RT abaixo de 1, da queda da taxa de variação diária, da redução de internados e da atenuação da incidência em todas as faixas etárias que leva os peritos da Faculdade de Ciências a concluir que que o pior desta vaga já passou.  E tudo indica que “vai continuar a descer”. Outra boa notícia, salienta Carmo Gomes, lembrando que houve vagas que a seguir ao pico se assistiu a um planalto. “Parece que estamos mesmo a descer. Mas os próximos tempos vão ser decisivos”, alerta, explicando que é preciso ter cuidado para não prolongar esta vaga.

“Estão aí os Santos populares. Vamos ver o que acontece”, avisa, sublinhando que o Sars Cov-2 já nos ensinou que a qualquer momento tudo pode mudar.

De acordo com o especialista, este é um dado perigoso. Ou seja, apesar de os números indicarem que o pico passou, pode ocorrer uma situação em que se fica num nível de infeções durante muito tempo, em vez de os casos descerem a pique: "É preciso alguma cautela pois como se costuma dizer: ' estamos fartos do vírus mas ele não se farta de nós'". Até porque ao contrário de muitos outros vírus, este não parece enfraquecer tanto com o calor. 

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