Melhor ou pior: testes caem 71% depois da passagem de ano – e casos reduzem 57%

3 jan 2022, 17:14
A pandemia está mais alastrada mas é menos grave nesta semana em torno da viragem do ano do que era um ano antes. Fotografia: Armando Franca/AP

Primeiros dias de 2022 mostram queda abrupta de testagem – e portanto também de infeções. Já no ano passado havia sido assim. Pandemia continua mais alastrada e menos grave do que então

A 1 e 2 de janeiro de 2022, os portugueses realizaram em média 90 mil testes por dia. Trata-se de uma redução de 71% face aos mais de 310 mil testes em média nos cinco dias imediatamente anteriores, de 27 a 31 de dezembro. As causas estarão relacionadas com a necessidade de testar para as festas. Mas as consequências também são diretas: o número de infeções por Covid-19 nos primeiros dois dias de janeiro foi em média de 10.817 – uma queda de 57% face à média de 25.363 infeções diárias nos últimos cinco dias de 2021.

Os dados publicados a 3 de janeiro (que se referem à véspera) confirmam esta tendência, que já se verificara um ano antes. Naquela altura, os primeiros dois dias de 2021 também mostravam uma queda de testes (-34%) e de casos (36%) em relação aos últimos cinco dias de 2020.

A análise comparada entre os últimos sete dias, de 27 de dezembro de 2021 e 2 de janeiro de 2022, e os mesmos dias de um ano antes mostram a tendência que a CNN Portugal tem vindo a analisar nesta rubrica diária.

A tendência de queda de testes e de casos positivos nos dois primeiros dias do ano já se tinha verificado há um ano

Há na semana em torno da passagem de ano 2021/2022 quatro vezes e meia o número de casos de Covid-19 em relação ao mesmo período de 2021/2020. Contudo, o número de óbitos diário é quase 80% inferior, para uma média de 16 diários (contra 70 um ano antes). Também o número médio de internados caiu (64%), de 2906 na semana do ano passado para 1034 na semana deste ano. A redução é ainda mais substancial nos internados em Unidados de Cuidados Intensivos (UCI), com uma redução de 490 em média há um ano para 147 na última semana (ou menos 70%).

Estes indicadores transformam-se em proporções também menos graves agora do que um ano antes. A proporção entre casos positivos e testes realizados é de 8,6% na última semana, contra 14,6% na mesma semana de há um ano. As proporções de óbitos, internados e em UCI são todas melhores agora (como se vê na tabela).

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado. Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave nesta semana em torno da viragem do ano do que era um ano antes. Para isto contribuirá a vacinação e uma menor virulência da variante Ómicron.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação que não deve fazer esquecer que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

Recorde-se também que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS. Quando por exemplo se vê uma proporção de 4,9% entre internados e infeções, isso não significa que 4,9% dos infetados sejam internados, mas sim que o número de internados em média nessa semana corresponde a 4,9% dos infetados diários. São esses os critérios comunicados diariamente pela DGS.

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