Melhor ou pior: infetados sempre a subir depois de um milhão de testes em três dias (análise)

31 dez 2021, 17:28
Covid-19: análise do dia 31 de dezembro

Na última semana foram realizados oito vezes mais testes do que na mesma semana de 2020. Só no dia 30 houve mais de 400 mil, barreira nunca antes superada. Comparação revela que pandemia alastra, mas a gravidade é menor, como mostra a rubrica "Melhor ou Pior" da CNN Portugal

Se “testar, testar, testar” foi mantra do combate à pandemia durante mais de um ano, nunca tanto como agora os portugueses responderam ao repto. Neste 30 de dezembro, foram realizados 403 mil testes, aumentando para quase um milhão o número de testes feitos nos três dias antes do da passagem do ano. Na última semana foram realizados oito vezes mais testes do que na mesma semana de 2020.

Os laboratórios têm tido filas à porta e os valores são tão elevados que há epidemiologias e virologistas que recomendam agora menos testagem. Como mostra a tabela da CNN Portugal, na última semana dias houve uma média diária de 232 mil testes por dia, o que é exatamente oito vezes a média na mesma semana do ano passado.

 

 

No relatório de hoje “Monitorização das linhas vermelhas para a COVID-19”, publicado semanalmente pela DGS e pelo INSA, é escrito que “a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 6,7% (na semana anterior foi de 3,4%), encontrando-se acima do limiar definido de 4,0% e com tendência crescente”. Entre os testes realizados, observou-se um aumento “em especial dos testes rápidos de antigénio” nos últimos sete dias.

O aumento da testagem contribui para o crescimento da deteção de infetados, que esta quinta feira (segundo os dados publicados na sexta) superou pela primeira vez os trinta mil num só dia. Comparando, o número de infetados equivale a 7,6% do número de testes ao longo da última semana, proporção menor do que aquela que se verificou na mesma semana do ano passado, de 12,8%.

A tabela resume dados dos sete dias da semana anterior ao final de ano, durante a qual se verificaram quatro dias consecutivos de recordes diários de números de infetados. Nesta semana, verificou-se uma média de 17.658 infetados por dia, mais de quatro vezes e meia dos 3.720 infetados em média por dia na mesma semana de 2020. Ao contrário do que se verificou há um ano, mais contágios não significam mais gravidade no aumento da mortalidade nem das hospitalizações. Pelo contrário: há quase menos 80% de óbitos, menos 67% de internados e menos 70% em unidades de cuidados intensivos.

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado. Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave nesta semana de fim de ano do que era há um ano. Para isto contribuirá a vacinação e uma menor virulência da variante Ómicron.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação que não deve fazer esquecer que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

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