Melhor ou pior: há um infetado por cada seis testes (e menos 80% de óbitos do que há um ano)

20 jan 2022, 16:28
Dados Covid 20 de janeiro de 2022

Proporção entre número de infetados na última semana e número de testes realizados aproxima-se dos 16% (ou quase um por cada seis). Internamentos crescem 27% em média numa semana, mas apenas 2,3% em UCI

Se estão a bater-se recordes diários de infetados em Portugal – mais de 56 mil hoje -, a gravidade da pandemia continua longe do que aquela que se registava há um ano, na terceira vaga. Os dados revelados esta quinta-feira, e que são relativos à véspera, mostram também que o número de internados não para de subir e superou a barreira dos dois mil, mas os em unidades de cuidados intensivos até estão a reduzir-se há três dias consecutivos.

Olhando para semanas inteiras, verifica-se que nos últimos sete dias (de 13 a 19 de janeiro) houve um crescimento de 27% de internamentos médios diários, face à semana imediatamente anterior (de 6 a 12 de janeiro). A mesma comparação mostra ainda assim um aumento muito menor dos números de internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI): mais 2,3%.

E face há um ano?

Comparando a última semana (13 a 19 de janeiro de 2022) com a mesma semana de há um ano (13 a 19 de janeiro de 2021), continua a confirmar-se a tendência de que o aumento de infetados não se traduz num aumento de óbitos, nem de internados.

Nos últimos sete dias, verificou-se, em média, um número de 40.731 infetados por dia, número que é quase o quádruplo dos 10.642 na mesma semana de há um ano. Para isso contribuirá a variante Ómicron, que hoje é dominante e que é mais contagiosa. Mas contribui também o aumento do nível de testagem.

Ainda assim, a proporção de casos positivos já não é tão distante da que se verificava há um ano. Na última semana, verificou-se uma proporção de quase 16% entre infetados e testes realizados, quando na mesma semana do ano passado a proporção era de 19,2%. Ou seja, a proporção é nesta última semana de quase um infetado por cada seis testes realizados, quando há um ano a proporção era de quase um por cada cinco. Este indicador não é, em rigor, a taxa de positividade, pois há casos positivos de testes realizados em dias anteriores. Mas é uma aproximação.

O número de óbitos continua francamente inferior: menos 80% na última semana do que nos mesmos dias de há um ano: há agora um óbito por cada cinco há um ano.

Também o nível de internados foi na última semana 62% inferior ao da mesma semana de 2021, situação que é ainda menos grave em UCI, onde o número de doentes é 75% inferior ao da mesma semana de há um ano.

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado. Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade, até porque este ano há uma larga cobertura vacinal em Portugal.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave neste início de janeiro de 2022 do que era um ano antes.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação, ressalvando-se que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

Recorde-se ainda que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS, que tem como utilidade medir a ocupação e a disponibilidade dos hospitais. Quando por exemplo se vê uma proporção de 4,6% entre internados e infetados, isso não significa rigorosamente que 4,6% dos infetados sejam internados, mas sim que face ao número de infetados comunicados nessa semana havia uma média de 4,6% de número de internados. São esses os critérios comunicados diariamente pela DGS.

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