Melhor ou pior. Ao terceiro dia de janeiro, infeções disparam mas há menos 2000 internados do que há um ano

4 jan 2022, 17:28
Melhor ou Pior - 28 de dezembro a 3 de janeiro

Rubrica Melhor ou Pior da CNN compara períodos homólogos da pandemia. No terceiro dia de janeiro, o número de testes voltou a disparar e o de infeções também mas a taxa de positividade continua inferior à de há um ano

Segunda feira, 3 de janeiro de 2022, primeiro dia útil do ano: foram realizados 252 mil testes; e detetadas quase 26 mil infeções. A pandemia agravou-se? Aparentemente, sim, mas não na mesma proporção.

Um dia é pouco para fazer análises comparadas, razão pela qual a CNN Portugal tem analisado semanas inteiras. Assim faz também adiante neste texto. Mas analisemos também os dados revelados esta terça feira, dia 4 de janeiro (relativos à véspera), uma vez que eles parecem mostrar um disparo em relação à véspera. Um disparo que precisa de ser contextualizado.

Se nos dias 1 e 2 de janeiro o número de testes caiu a pique em relação aos últimos dias de 2021, para uma média de 90 mil testes/dia, no primeiro dia útil do ano os portugueses voltaram a testar, no que resultou um total de 252 mil testes com resultados, mais 178% do que no fim de semana precedente. Da mesma forma, o número de infeções disparou 139%, para quase 26 mil.

Dos 256 mil testes desta terça feira, 56 mil foram PCR e 196 mil antigénio.

A correlação entre número de testes e número de infectados é mais do que uma intuição. Com a reserva de que é um período relativamente curto para o cálculo, analisando os últimos 34 dias (desde 1 de dezembro), a correlação pode ser matematicamente calculada em 0,8 (quanto mais próximo de 1, mais perfeita é a correlação). E essa será, pois, uma das razões para este aumento hoje anunciado. Mas não explica tudo. O número de óbitos e de internamentos também subiu, embora não saia ainda das médias anteriores.

Semana de viragem do ano

Analisando a semana de viragem do ano, entre 28 de dezembro e 3 de janeiro, verifica-se que o número de óbitos em média por dia foi de 15, precisamente o verificado neste 3 de janeiro. O valor desta semana é 80% abaixo dos 74 óbitos diários verificados na mesma semana de um ano antes. Também o número de internados, e em UCI, continua francamente abaixo do que se verificava um ano antes. Mesmo se há na última semana quarto vezes e meia o número de infetados de um ano antes (média diária de 22.245 este ano contra 4.994 na mesma semana de há um ano), o que também está relacionado com o aumento de mais de sete vezes e meia do número de testes realizados.

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado. Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave nesta semana de viragem do ano do que era um ano antes. Para isto contribuirá a vacinação e uma menor virulência da variante Ómicron.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação que não deve fazer esquecer que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção. É apenas a comparação entre o número médio de pessoas internadas em cada dia com o número médio de novos infetados reportados em cada dia.

Recorde-se que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS. Quando por exemplo se vê uma proporção de 4,8% entre internados e infetados, isso não significa que 4,8% dos infetados sejam internados, mas sim que face ao número de infetados comunicados nessa semana houve uma média de 4,8% internamentos. São esses os critérios comunicados diariamente pela DGS.

 

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