Melhor ou pior: hospitais estão numa “situação tranquila”, como diz o primeiro-ministro?

6 jan 2022, 17:43
Melhor ou pior a 6/1/2021

Há precisamente um ano, Portugal ultrapassava pela primeira vez a barreira de dez mil casos num só dia. Hoje foram comunicados quase 40 mil. Mas o que era em 2021 “o pior dia da pandemia” até então, era mais grave do que agora

"A pandemia ainda não terminou", sublinhou esta quarta feira o primeiro-ministro em conferência de imprensa, “na próxima semana prevê-se ainda um crescimento do número de casos”, pelo que “devemos avançar com cautela”. E como estamos nos hospitais? “Não estamos numa situação de pressão sobre os internamentos, quer em cuidados gerais, quer em cuidados intensivos", sublinhou António Costa: "Temos neste momento no nosso sistema hospitalar cerca de 16 mil pessoas internadas e menos de 10% são doentes covid-19”.

Horas depois, confirmava-se: 1.311 internados, dos quais 158 em unidades de cuidados intensivos (UCI). Temos, “neste momento, felizmente, uma situação tranquila”, dissera Costa.

A situação nos hospitais é factualmente melhor do que aquela que se verificava há um ano. Comparando os dados médios da última semana (de 30 de dezembro a 5 de janeiro) com a mesma semana do ano passado, Portugal tem cerca de um terço dos internados de então. E menos 70% em UCI.

Como tem sido repetido por diversos especialistas, a análise à evolução da pandemia não pode agora centrar-se apenas no número de infetados, razão pela qual a CNN Portugal está a fazer diariamente análises comparadas em diversos indicadores.

Assim é porque, por um lado, há muito mais testagem agora, o que faz aumentar a deteção de infetados em mais assintomáticos - face à mesma semana de há um ano, Portugal está a realizar mais do sêxtuplo dos testes. Por outro lado, porque a combinação entre mais cobertura vacinal e menor virulência da variante Ómicron reduz o número de casos de doença grave e de óbitos: apesar de termos mais do quádruplo dos infectados, temos quase um quinto dos óbitos.

Os hospitais estão, em geral, “numa situação tranquila”, como afirma António Costa. Isto não significa que “está tudo bem”, como aliás acrescentou o chefe do Executivo na conferência de imprensa em que anunciou as novas medidas, a adotar a partir de segunda feira, dia 10 de janeiro. “Caso a situação se alterar, teremos sempre em conta os diferentes indicadores, que têm que ver com a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde”, ressalvou, já depois de ter defendido que, face aos indicadores disponíveis, “há condições para se avançar com cautela” no levantamento de restrições.

Fundamental, diz o primeiro-ministro, "é que as pessoas se continuem a vacinar": "Nós sabemos quais são os efeitos imediatos desta infeção, mas ninguém sabe os efeitos a longo prazo. Não é por ela ter efeitos imediatos menos gravosos que devemos desvalorizar a sua gravidade”.

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado. Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade, até porque este ano há uma larga cobertura vacinal em Portugal.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave nesta semana de viragem do ano do que era um ano antes. 

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação, ressalvando-se que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

Recorde-se que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS, que tem como utilidade medir a ocupação e a disponibilidade dos hospitais. Quando por exemplo se vê uma proporção de 4,4% entre internados e infetados, isso não significa que 4,4% dos infetados sejam internados, mas sim que face ao número de infetados comunicados nessa semana havia uma média de 4,4% de número de internados. São esses os critérios comunicados diariamente pela DGS.

 

 

Com 1.311 internados, dos quais 158 em cuidados intensivos,

 

 

 

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